O FANTASMA DE VARGAS E O MAL-ESTAR CONSTITUCIONAL CONTRA JOÃO GOULART
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft.2359-0106.2024.v11n1.p541-570Palavras-chave:
República de 1946, Crises constitucionais, João Goulart, Getúlio Vargas, TrabalhismoResumo
O presidente João Goulart exerceu um papel decisivo nas crises constitucionais da Terceira República brasileira. Isso se deu, inicialmente, em virtude do fantasma de Getúlio Vargas: Goulart era o principal herdeiro do getulismo. No entanto, Jango não repetiu Vargas. Sua carreira política foi, em muitos aspectos, original, sobretudo por conta de sua intensa ligação com o trabalhismo e o sindicalismo dos anos 1950. Lançar luzes sobre as distinções que marcam a figura de João Goulart, ao mesmo tempo a partir e para além do inventário de Vargas, possibilita entender não só o mal-estar que se estabeleceu contra seu governo, mas também o porquê de esse mal-estar, nutrido pelas Forças Armadas e por parte das elites, ter se apropriado de um viés jurídico.
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