O PODER SIMBÓLICO DO DIREITO E A TUTELA PENAL SIMBÓLICA DOS DIREITOS DE MINORIAS
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft.2359-0106.2025.v12n1.p316-338Palavras-chave:
Criminalização, Direito das minorias, Direito penal, Simbolismo, Violência simbólica.Resumo
O artigo analisa a função simbólica do direito penal a partir da perspectiva de sua utilização para a proteção dos direitos de minorias, compostas por grupos sociais histórica e estruturalmente excluídos de políticas estatais e instrumentos jurídicos. Muitas vezes o pleito punitivo se confunde com as pautas sociais antidiscriminatórias, de modo que movimentos de criminalização despontam como meio de aplacar a exclusão latente no projeto político. A presente pesquisa tem como eixo condutor a seguinte problematização de pesquisa: do que se trata o simbolismo do direito, e, a partir disso, como pensar a tutela penal dos direitos de minorias? A partir do método de revisão bibliográfica, o artigo tem como objetivos compreender o conteúdo simbólico do Direito e sua interface com o Direito Penal, além de associar tais marcos à tutela penal dos direitos de minorias, em particular quanto às concernentes às opressões de gênero, raça e sexualidade. Busca-se aprimorar o debate relacionado à proteção ou desproteção desses grupos sociais pela utilização do aparato repressivo estatal, considerando o funcionamento latente e real do poder punitivo brasileiro que, de maneira estrutural, promove maior exclusão e negação de direitos.
Referências
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.
AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli. A força do direito e a violência das formas jurídicas. In Revista de Sociologia Política. Curitiba v. 19, n. 40, p. 27-41, out.2011.
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. 3ª ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.
BARCELLOS, Eduardo Rodrigues. O caráter simbólico da tutela penal, seus efeitos na sociedade contemporânea e as possíveis soluções sistêmicas. Dissertação (Mestrado em Direito) - Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2021.
BATISTA, Vera Malaguti. Adesão subjetiva à barbárie. In BATISTA, Vera Malaguti (Org). Loïc Wacquant e a questão penal no capitalismo neoliberal. Rio de Janeiro: Revan, 2012, p. 307-318.
BATISTA, Vera Malaguti. O medo na história do direito penal brasileiro. In NEDER (Org). História & Direito. Rio de Janeiro: Revan, 2007, p. 141-148.
BENEVIDES, Bruna G. Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2022. ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) – Brasília, DF: Distrito Drag; ANTRA, 2023.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado: Cursos no Collège de France (1989-92). Trad. Rosa Freire D’Aguiar. 1ª Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26. Relator Ministro Celso de Mello. Brasília/DF, 13 de junho de 2019.
BUTLER, Judith. A força da não violência: um vínculo ético-político. São Paulo: Boitempo, 2021.
CACICEDO, Patrick. Ideologia e direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2022.
CAMPOS, Marcelo. Crime e Congresso Nacional: uma análise da política criminal aprovada de 1989 a 2006. Revista Brasileira de Ciência Política, v. 15, p. 315-347, 2014.
CASTRO, Felipe Araújo. A força do Direito: roteiros de pesquisa em sociologia do campo jurídico. In Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte, n. 120, pp. 159-201, jan/jun. 2020.
DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? Rio de Janeiro: Difel, 2018, e-book.
FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro; FREITAS, Felipe da Silva. Do paradoxal privilégio de ser vítima: terror de Estado e a negação do sofrimento negro no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 135, p. 49-71, 2017.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 16, 2022.
FUZIGER, Rodrigo José. As faces de Jano: o simbolismo no direito. 2014. Dissertação (Mestrado em Direito Penal) - Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-27102016-094544/pt-br.php. Acesso em 29 fev. 2024.
HART, H.L.A. O conceito de direito. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
hooks, bell. Teoria feminista: da margem ao centro. Tradução de Rainer Patriota. São Paulo: Perspectiva, 2019.
MARTINS, Alexandre Nogueira. Caminhos da criminalização da LGBTfobia: racionalidade criminalizante, neoliberalismo e democratização. São Paulo: IBCCRIM, 2021.
MENEZES, Sabrina Lasevitch. Micropolítica da abolição: diálogos entre a crítica feminista e o abolicionismo penal. Belo Horizonte: Editora Dialética, 2021.
MIGUEL, Luis Felipe. Bourdieu e o “pessimismo da razão”. Tempo Social, 27, n. 1, 2015. P. 197-216.
PINTO, Louis. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Tradução de Luiz Alberto Monjardim. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2000.
PONZILACQUA, Márcio Henrique Pereira. A sociologia do campo jurídico de Bourdieu e Dezalay. In Revista Direito e Praxis. Rio de Janeiro, Vol. 9, N. 1, 2018, p. 226- 249.
REDE DE OBSERVATÓRIOS DA SEGURANÇA. Elas vivem: dados que não se calam. Rio de Janeiro: CESeC, 2023. Disponível em: https://cesecseguranca.com.br/textodownload/elas-vivem-dados-que-nao-se-calam/. Acesso em: 01 fev. 2024.
ROXIN, Claus. Estudos de direito penal. Tradução de Luís Greco. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. 9ª ed., rev., atual., e ampl. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2020.
WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1999, 2009 (reimpressão).
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de direito penal brasileiro: parte geral. 13ª ed. rev e atual. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito penal brasileiro - I. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Beatriz dos Santos Funcia, Giovanna Migliori Semeraro, Beatriz de Santana Prates

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os trabalhos aprovados para publicação tornar-se-ão propriedade da Revista sem qualquer ônus para a mesma. A Equipe Editorial se reserva o direito de promover as adequações necessárias para publicação.
O conteúdo dos trabalhos publicados na Revista Jurídica eletrônica Vertentes do Direito - inclusive quanto à sua veracidade, exatidão e atualização das informações e métodos de pesquisa - é de responsabilidade exclusiva dos autores. As opiniões e conclusões expressas não representam posições da Revista nem da Universidade Federal do Tocantins.











