Os Tesouros da Amazônia e a “Utopia” de uma Agricultura Próspera no Século XVIII: Educação e método nas memórias do jesuíta João Daniel (1722 – 1776)

Resumo

O presente texto é resultado de uma pesquisa sobre parte da produção literária ou memórias do jesuíta Pe. João Daniel (1722- 1776), banido da Colônia em 1757. Os registros de memória quando este já se encontrava no cárcere em Portugal foram publicados com o título: Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas. À análise da fonte documental acrescenta-se alguns comentários a respeito da descoberta de Antonio Porro e uma demonstração das percepções obtidas a respeito de capítulos na 3ª parte do tomo II da obra. Nosso recorte recaiu sobre a apresentação da proposta de educação e métodos para uma economia da Amazônia baseados nos conhecimentos do jesuíta sobre a natureza do Novo Mundo – flora, fauna e geografia – do século XVIII. Ao longo dos séculos de colonização vários discursos colonizadores referem-se à ocupação da Amazônia e propagam a cobiça pelos “tesouros” naturais nela guardados. O discurso de João Daniel não é diferente dos demais enquanto, revestido pela cientificidade iluminista do século XVIII. O conjunto da obra analisada permitiu uma reflexão sobre um pensamento de ocupação da Amazônia que persiste sistematicamente ao longo dos séculos de colonização até à atualidade. Consideramos que, a permanência do mito da natureza inesgotável, no contexto cultural, social e econômico do século XXI deflagra a necessidade da Educação Ambiental como tema transversal nos meios escolares obedecendo os Parâmetros Curriculares Nacionais Brasileiros.