Saussure e o Estudo das Vogais Indoeuropeias

Autores

  • Luiz Arthur Blamiris Instituto Federal do Tocantins
  • Daniel Marra da Silva Instituto Federal do Tocantins

Palavras-chave:

Saussure, Vogais indo-europeias, Mémoire.

Resumo

O trabalho de Ferdinand de Saussure no Memorial sobre o Sistema Primitivo de Vogais nas Línguas Indo-Europeias é sua obra de mestrado, a qual foi publicada em 1878 quando o estudioso tinha 21 anos. No estudo, ele propôs a reconstrução de um estado arcaico do sistema vocálico do indo-europeu, antes da dispersão das línguas. Saussure introduziu elementos diacrônicos no cerne de sua reconstrução, de modo que ele procede mais especificamente a uma série de estados, sem pesquisar datas absolutas, nem mesmo a sistematização destes estados (o que seriam estágios do proto-indo-europeu), o que ele chama de "período europeu", época em que os povos europeus falavam a mesma língua. Ele distinguiu subconjuntos que compartilham uma característica em particular, porém se abstém de quaisquer suposições sobre o mapa de migração da época. A noção de sistema é inseparável da dimensão diacrônica do fenômeno, da mesma maneira que a explicação não se baseia em uma série de correspondências entre o proto-indo-europeu e línguas indo-europeias oficiais, mas dentro do proto-indo-europeu, com a definição do vocalismo como estrutura, com um sistema correspondente nos diferentes grupos que são advindos de uma série de bifurcações: línguas asiáticas (ou arianas), divididas em sânscrito e iraniano antigo x línguas europeias; grupo de línguas europeias do norte (germânico, eslavo, báltico e céltico) x grupo das línguas europeias do sul (grego, latim e armênio). Saussure não construíra apenas um sistema, mas pelo menos quatro: proto-indo-europeu, idiomas asiáticos, grupo das línguas europeias do norte e o grupo das línguas europeias do sul. Assim, encontramos, em fragmentos, partes importantes do sistema de línguas específicas. No estudo, não houve preocupação com a mudança como um processo, mas como resultado das mudanças, a correspondência não é uma língua, mas três grupos linguísticos. Ele nunca emitiu nenhum argumento, no máximo, probabilidades de verificação e semelhanças. Apenas a correspondência entre os sistemas em equilíbrio que o permite conjecturar sobre a antiguidade ou atualidade de oposições e não das formas. Saussure observa ainda que ao aproximar os sistemas fonológicos europeus, arianos, europeus do sul e do norte, grego e latim (em cada caso, a determinação não é realizada pela análise de uma língua, mas pela diferença entre dois idiomas ou grupos linguísticos), ele descobriu um conjunto de diferenças que são explicadas apenas pela presença, no proto-indo-europeu, de uma distinção presente no sistema antes de qualquer discrepância entre línguas. É necessário ressaltar que o objetivo principal do Memorial são as múltiplas manifestações da vogal “a” indo-europeia, e que as outras vogais foram analisadas apenas quando elas estavam ligadas aos fenômenos relativos ao “a” indo-europeu.

Biografia do Autor

Luiz Arthur Blamiris, Instituto Federal do Tocantins

Aluno do segundo período de graduação do curso de letras do IFTO – Campus Palmas.

Daniel Marra da Silva, Instituto Federal do Tocantins

Doutor em Letras e Linguística (UFG), professor do  IFTO – Campus Palmas.

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Publicado

2016-03-31

Como Citar

Blamiris, L. A., & Silva, D. M. da. (2016). Saussure e o Estudo das Vogais Indoeuropeias. Porto Das Letras, 1(2), p. 92 – 109. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/1873

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