ATITUDES LINGUÍSTICAS RESULTANTES DE CRENÇAS DE ESTUDANTES DE LICENCIATURAS SOBRE O USO DA LÍNGUA PORTUGUESA
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.3019Resumo
Este estudo investigou as atitudes linguísticas de acadêmicos de licenciatura, com foco nas variantes linguísticas rural, urbana e rurbana, analisadas a partir das variáveis status (inteligente e rica) e solidariedade (honesta e alegre). O objetivo foi compreender como a formação acadêmica influencia a desconstrução de preconceitos linguísticos e a valorização da diversidade linguística. A pesquisa adotou uma abordagem quanti-qualitativa, utilizando questionários baseados no modelo matched guise para avaliar percepções linguísticas. Os principais resultados revelaram que as atitudes linguísticas são moldadas por crenças culturais e sociais enraizadas. Variantes urbanas foram associadas a maior prestígio e dinamismo, enquanto as variantes rurais se destacaram pela percepção de honestidade. A análise evidenciou que cursos com currículos críticos sobre os usos variáveis da língua, como o de Letras, apresentaram maior impacto na revalorização das variantes não padrão, enquanto os de outras áreas como Matemática e Física demonstraram progressões menos expressivas. Os resultados mostraram ainda que a formação docente desempenha um papel essencial na promoção de atitudes linguísticas mais inclusivas e na desconstrução de preconceitos profundamente enraizados. Embora os resultados evidenciem avanços significativos em dimensões como inteligente e honesta, a resistência a mudanças em aspectos como rica demonstra a complexidade que envolve as crenças socioculturais associadas às variantes linguísticas. Esses achados reforçam a necessidade de intervenções pedagógicas contínuas, críticas e integradas, que viabilizem não apenas a reflexão, mas também a transformação efetiva das percepções linguísticas, promovendo a valorização equitativa e genuína da pluralidade linguística.
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