CANJICA OU CURAU COM COCO: DESCREVENDO A NORMA LEXICAL DO PORTUGUÊS BRASILEIRO A PARTIR DOS DADOS DO ALIB

Autor/innen

  • Vanessa Yida Universidade Estadual de Londrina

Schlagworte:

Dialetologia; Projeto ALiB; variação lexical; regionalismos; canjica/curau com coco.

Abstract

Este artigo, orientado pelos princípios teóricos da Geolinguística Pluridimensional (THUN, 2000), tem como objetivo discutir a configuração de uma possível norma geral e normas regionais, a partir da descrição e análise da distribuição diatópica de variantes lexicais registradas como respostas à questão 179, que busca possíveis variantes para a canjica/curau com coco, aplicada pelas equipes do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), em 250 localidades situadas no território brasileiro. Do total estabelecido pelo Projeto, foi recortada uma amostra contendo 1000 informantes com perfil fundamental de escolaridade, residentes nas capitais e interior, considerando as variáveis diassexual (masculino e feminino) e diageracional (jovens e idosos). Por meio da elaboração de cartas linguísticas, fotografando a distribuição nacional e por regiões, foi verificada a formação de áreas passíveis de serem delimitadas por isoléxicas, indicando a integração de variantes regionais. Ainda, para validar as formas linguísticas registradas, foram consultados dicionários gerais e um etimológico. Em síntese, foram documentados alguns regionalismos, no entanto, para esse referente, não observamos a configuração de uma denominação de uso geral no Brasil; ademais, a diversidade de nomeações revelou o influxo de costumes regionais no processo denominativo, tais como o hábito da adição ou não de ingredientes específicos como o coco na receita original, atestando a relevância de se considerar a especificidade econômica e cultural de cada localidade na investigação sobre a vitalidade dessas formas linguísticas.

 

 

Literaturhinweise

AGUILERA, Vanderci de A.; YIDA, Vanessa. Projeto ALiB: uma análise das respostas e das não-respostas de informantes das capitais. Signum: Estudos da Linguagem. v. 11, n. 2, p.15-31, dez. 2008.
AULETE, Caldas. Aulete digital: Dicionário contemporâneo da língua portuguesa: Dicionário Caldas Aulete, versão online. Disponível em: http://www.aulete.com.br/site.php?mdl=aulete_digital. Acesso em: 23 jun. 2020.
BIDERMAN, Maria Tereza C. Teoria lingüística: lingüística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
CARDOSO, Suzana Alice M. et al. Atlas linguístico do Brasil. Introdução. v. 1. Londrina: EDUEL, 2014a.
CARDOSO, Suzana Alice M. et al. Atlas linguístico do Brasil. Cartas Linguísticas. v. 2. Londrina: EDUEL, 2014b.
CARDOSO, Suzana Alice M. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL. Questionários. Londrina: EDUEL, 2001.
COSERIU, Eugenio. Sistema, norma e fala. In: COSERIU, E. Teoria da linguagem e linguística geral. Rio de Janeiro: Presença, 1979.
CUNHA, Antônio G. da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.
DIÉGUES JUNIOR Manuel. Regiões culturais do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), 1960.
FARACO, Carlos Alberto; ZILLES, Ana Maria. Para conhecer norma linguística. São Paulo: Contexto, 2017.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.
HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
ISQUERDO, A. N. Herança lusa na toponímia de municípios da região Norte do Brasil: perspectivas linguística e sócio-histórica. In: XXVIIE CONGRÈS INTERNATIONAL DE LINGUISTIQUE ET DE PHILOLOGIE ROMANES. Section 5: Lexicologie, phraséologie, lexicographie, v.5, 2016, Nancy. Actes [...]. Nancy: ATILF, 2016. p. 315-328.
ISQUERDO, Aparecida N. A propósito de dicionários de regionalismos do português do Brasil. In: ISQUERDO, Aparecida N; ALVES, Ieda M. (org.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. v. II. Campo Grande: UFMS, São Paulo: Humanitas, 2007.
ISQUERDO, Aparecida N. Achegas para a discussão do conceito de regionalismos no português do Brasil. Alfa, São Paulo, 50 (2), p. 9-24, 2006. Disponível em: http://seer.fclar.unesp.br/alfa/article/view/1408. Acesso em: 29 jun. 2020.
MOTA, Jacyra A. Reflexões sobre a arte de fazer inquéritos lingüísticos. In: MOTA, J. A; CARDOSO, S. A. M. (org.). Documentos 2: Projeto Atlas Linguístico do Brasil. Salvador: Quarteto, 2006. p. 239-259.
MOTA, Jacyra A.; CARDOSO, S. A. M. A construção de um Atlas Linguístico do Brasil: o percurso do ALiB. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, v. 12, n. 1, p. 237-256, jul. 2009.
OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de. O português do Brasil: brasileirismos e regionalismos. 1999. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 1999.
PONTES, Antonio L. Dicionário para uso escolar: o que é, como se lê. Fortaleza: EdUECE, 2009.
ROMANO, Valter P.; SEABRA, Rodrigo D.; OLIVEIRA, Nathan. [SGVCLin] - Software para geração e visualização de cartas linguísticas. RELin: Revista de Estudos da Linguagem, v. 22, n. 1, p. 119-151, jan./jun. 2014.
ROMANO, Valter Pereira. Em busca de falares a partir de áreas lexicais no Centro-Sul do Brasil. 2015. 2v. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015.
SAPIR, E. Língua e ambiente. In: SAPIR, E. Linguística como ciência. Tradução de Joaquim Mattoso Camara Junior. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1969. p. 43-62.
THUN, Harald. La géographie linguistique romane à la fin du XXe. Siècle. CONGRÈS INTERNATIONAL DE LINGUISTIQUE ET DE PHILOLOGIE ROMANES. 1998, Bruxelas. Actes [...] v. 3. Vivacité et diversité de la variation linguistique. Tübingen: Niemeyer, 2000, p. 367-388.
XXX. 2019. 2 v. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2019.
YIDA, Vanessa; GHOLMIE, Myriam R. S.; VASCONCELOS, Celciane A. Estratégias para a obtenção de respostas nos inquéritos do ALiB: a questão 054 (aftosa) nas capitais do Centro-Oeste e Sudeste. Signum: Estudos da Linguagem, v. 21, n. 1, p. 32-54, abr. 2018.

Veröffentlicht

2020-10-09

Zitationsvorschlag

Yida, V. (2020). CANJICA OU CURAU COM COCO: DESCREVENDO A NORMA LEXICAL DO PORTUGUÊS BRASILEIRO A PARTIR DOS DADOS DO ALIB . Porto Das Letras, 6(3), 104–129. Abgerufen von https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/9944

Ausgabe

Rubrik

Léxico e Dialetologia