Memórias Quase Póstumas de um Ex-torturador:
um homem torturado pelo ato de torturar
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.4016Schlagworte:
Literatura de testemunho; Memória; TraumaAbstract
A literatura de testemunho tem trazido muitas reflexões acerca do ato de narrar eventos traumáticos. Ela abrange produções literárias que surgiram a partir de memórias narradas por aqueles que viveram sob o domínio de regimes autoritários. Assim, essas narrativas partem ora de quem protagonizou um trauma, ou simplesmente presenciou um ciclo de atrocidades, tais como os da Alemanha nazista, período entre guerras, ditaduras militares, dentre outros. Neste sentido, este trabalho busca fazer um breve recorte acerca desses eventos, apontando à luz de Agamben (2008), Freud (2010), Seligmann-Silva (2008), Sarlo (2007), a questão da memória, do testemunho, das experiências traumáticas do personagem Pedro, investigador, torturador da ditadura Vargas no Brasil e vítima de suas próprias atrocidades ao longo da narrativa de João Bosco Maia “Memórias Quase Póstumas de um Ex-Torturador”. Esta investigação revela também, a luz de Iser (1996), o quanto a partir da expectativa leitora, o leitor de narrativas traumáticas pode (re)agir no ato da leitura, indignando-se, com os eventos narrados no texto. Confirma, na esteira do Reader Response Theory de que uma obra literária ocorre na relação mútua entre o leitor e o texto e que o significado da obra é construído por meio de uma relação entre o leitor e o texto, dentro de um contexto particular de leitura.
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