Loucura e Periculosidade
A Linguagem do Risco
Palavras-chave:
Estudos discursivos foucaultianos, Loucura, subjetividadeResumo
Este artigo tem por objetivo discutir a produção da subjetividade do louco como um sujeito periculoso e problematizar os efeitos de verdade dos discursos, no caso deste estudo, o discurso jornalístico, sobre a circulação desse sujeito em território. Para tanto, a discussão realizada encontra-se ancorada teórica e metodologicamente nos estudos discursivos foucaultianos, especialmente nos escritos do filósofo sobre a loucura, a disciplinarização dos corpos e a produção de subjetividade. Em uma chave de leitura arquegenealógica, discute-se como os saberes jurídico e médico produzem discursos sobre o que é a loucura e quem é o louco, saberes esses que caracterizam o louco como um sujeito que deve ser segregado e institucionalizado, dada a periculosidade que apresenta sob a ótica de tais discursos institucionais. Os resultados apontam que a produção de subjetividade do sujeito louco como um corpo periculoso reside nos domínios da memória e de saberes higienistas, patologizantes e segregacionistas, e que o medo é um efeito de verdade dos discursos do Direito e da Medicina sobre esse sujeito.
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