“Vai, Filha, Vai”

Morte e Cotidiano Afetivo no Conto “Chamada”, de João Anzanello Carrascoza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873-202284-15

Resumo

Este artigo apresenta uma análise crítica acerca da representação da morte e sua contribuição para a construção dos afetos cotidianos dentro da narrativa breve “Chamada” (2004), de João Anzanello Carrascoza, escritor paulista considerado uma das grandes revelações da ficção contemporânea. A fim de compreender como se dá a representação de tais processos na obra veiculada, são examinados os motivos pelos quais a temática da morte seguiu, por muito tempo, uma abordagem incipiente dentro do subsistema literário juvenil e em que medida a escrita de Carrascoza oportuniza um novo olhar acerca desse tema. O estudo demonstra que a ficção juvenil pode ser um espaço menos preocupado em ensinar valores vigentes e mais interessado em despertar os leitores infantis e juvenis para discussões muito profícuas não apenas sobre a morte e o cotidiano afetivo, mas sobre todos os dilemas que cercam o humano. Para tanto, recorremos a estudos que trazem para o contexto perspectivas críticas acerca da literatura infantil e juvenil (LIJ) produzida no Brasil, a exemplo de Ricardo Azevedo (2001), entre outros estudiosos e teorias que versem sobre os caminhos que a representação da morte e do afeto, enquanto temáticas, ocupam no cenário da LIJ, como Giorgio Agamben (1999), Philippe Ariès (2012 e 2014) e Miguel Conde (2021).

PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantil e juvenil; Morte; Afeto; João Anzanello Carrascoza.

Biografia do Autor

Hellyana Rocha e Silva, Universidade Federal de Catalão

Currículo: Doutoranda em Estudos da linguagem pela Universidade Federal de Catalão. Mestra em Letras - Estudos Literários pela Universidade Federal do Tocantins (2017), Especialista em Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal do Tocantins (2016) e Graduada em Letras: português e respectivas literaturas pela mesma universidade (2013). É professora efetiva do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí; tem experiência como docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. Nos últimos anos desenvolveu estudos na área das Letras, com ênfase em Literatura brasileira de autoria feminina, crítica feminista e teorias de gênero, analisando, principalmente, questões relacionadas à representação, identidade e subjetividade femininas.

Luciana Borges, Universidade Federal de Catalão

É Doutora em Letras - Estudos Literários pela Universidade Federal de Goiás (2009), Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (1999) e Graduada em Letras pela Universidade Federal de Goiás (1995). Atualmente é professora da Universidade Federal de Catalão e atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem UFG). Realizou Estágio Pós-Doutoral na Universidade Federal de Santa Catarina, com supervisão da professora Tânia Regina O. Ramos. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura de Autoria Feminina, atuando principalmente nos seguintes temas: estudos de gênero, crítica feminista, erotismo e pornografia.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Ideia da Prosa. Tradução: João Barrento. Lisboa: Cotovia, 1999.
AGUIAR, Vera Teixeira de. A morte na literatura: da tradição ao mundo infantil. In: AGUIAR, Vera Teixeira de; CECCANTINI, João Luís; MARTHA, Alice Áurea Penteado (orgs.). Heróis contra a parede. São Paulo: Cultura Acadêmica; Assis: ANEP, 2010. P. 23- 42.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2ed. reimpr. Tradução: Dora Flaksman. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
ARIÈS, Philippe. O homem diante da Morte. Tradução: Luiza Ribeiro. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Trad. Paulo Soethe (coord.). Campinas: Ed. da Unicamp, 2011.
AZEVEDO, Ricardo. Literatura infantil: origens, visões da infância e certos traços populares. Cadernos do Aplicação. Volume 14 Número ½. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jan/Fev 2001. Disponível em: http://www.ricardoazevedo.com.br/wp/wp-content/uploads/Literatura-infantil.pdf. Acesso em 15 de julho de 2021.
AZEVEDO, Ricardo. A literatura, o chamado “universo infantil” e a vida mesmo. Biblioteca Nacional – Proler, 2001. Disponível em: http://www.ricardoazevedo.com.br/wp/wp-content/uploads/Literatura-infantil.pdf. Acesso em 15 de julho de 2021.
AZZI, Júlia. Entre a poesia da escuta e o cotidiano afetivo: as temáticas essenciais na prosa de João Anzanello Carrascoza. Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli | V.9., N.3., JUL.-SET.2020, p. 179-193.
BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Tradução: Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
CARRASCOZA, João Anzanello. Dias raros. São Paulo: Planeta, 2004.
CONDE, Miguel. A escrita comovida de João Anzanello Carrascoza. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, no 34, 2009. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9643. Acesso em 20 de julho de 2021.
HILST, Hilda. Da morte. Odes mínimas. São Paulo: Globo, 2003. p. 57.
NORBERT, Elias. A solidão dos moribundos: seguido de “envelhecer e morrer”. Tradução: Plínio Dentzien. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
PAULA, Fernanda Pires de. Porque de tânatos também se faz a adolescência: representação literária da morte em obras juvenis brasileiras contemporâneas. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Unidade Acadêmica especial de Letras e Linguística, Catalão, Programa de Pós-graduação em Estudos da linguagem. Catalão, 2016. 106 p.
SILVA, Vera Maria Tietzman. Literatura infantil brasileira: um guia para professores e promotores de leitura. Goiânia: Cânone Editorial, 2008, 272 p.
TIBURI, Márcia. Branca de Neve ou Corpo, lar e campo de concentração: as mulheres e a questão biopolítica. In: TIBURI, Márcia; VALLE, Bárbara. (Org.). Mulheres, filosofia ou coisas do gênero. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008. p. 53-73.

Downloads

Publicado

2022-12-23

Como Citar

Silva, H. R. e, & Borges, L. . (2022). “Vai, Filha, Vai”: Morte e Cotidiano Afetivo no Conto “Chamada”, de João Anzanello Carrascoza. Porto Das Letras, 8(4), 306–329. https://doi.org/10.20873-202284-15