VERÁS MULHERES NESSE PAÍS?
Uma leitura das personagens femininas em “Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão.
Palavras-chave:
Literatura; Mulheres; Representação; Identidade; PercepçãoResumo
Este trabalho propõe uma leitura crítica acerca da representação das personagens femininas no livro “Não Verás País Nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão, promovendo observações a respeito dos conceitos de “Identidade”, “Representação” e “Percepção”, sinalizando para o fato de que essas categorias são mais complexas e paradoxais do que parecem. O que se pretende é pensar o modo como as mulheres são representadas na história, o lugar social que ocupam, propondo uma investigação sobre a construção da identidade feminina na narrativa uma vez que o silenciamento, ou a enunciação, podem prescrever o agenciamento do autoritarismo na sociedade. As narrativas são jogos de limitações, exclusões e/ou reforços de determinados discursos, como foi sinalizado por Michel Foucault e cabe ao autor a inserção da linguagem ficcional no real (e vice-versa). Desse modo, é possível vislumbrar a permanência/reprodução do discurso do patriarcado no livro, não só no que é enunciado, mas também por meio de práticas e regimes que sustentam determinadas “verdades” ao longo da história e fazem com que as personagens se conformem às regras e aos costumes estabelecidos, reproduzindo-os ao longo do tempo. A literatura possui funções políticas e sociais extremamente importantes, porque aponta questões latentes sobre o modo como nos organizamos, vivemos, pensamos, além de propor reflexões sobre determinadas épocas históricas e fomentar o pensamento crítico-reflexivo nos indivíduos. Logo, o texto literário é matéria fecunda para estudar algumas questões, como a do gênero.
Referências
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