Passivas eventivas no Português de Moçambique

Autores

Palavras-chave:

Orações passivas eventivas; Português de Moçambique; Verbos monotransitivos e ditransitivos; Passivas dativas.

Resumo

O objetivo deste estudo é de descrever o processo de formação de passivas eventivas envolvendo verbos monotransitivos e ditransitivos por falantes de português de Moçambique (PM). Os princípios da gramática gerativo-transformacional e as metodologias quantitativa e qualitativa são considerados na análise de dados. Aliás, a base empírica é constituída por orações passivas construídas por um subgrupo de escolaridade média e um outro de estudante universitários que falam o português como língua segunda. O estudo empírico revela que, de uma forma geral, (1) a construção de passivas envolvendo verbos monotransitivos se conforma com o português europeu (PE) nos dois grupos, no entanto, (2) envolvendo os verbos ditransitivos, as realizações divergentes do PE superam as convergentes, (3) as tendências consistem na construção de passivas dativas e (4) na preferência por elementos com traços [+Humanos] e [+Animados] como sujeitos de frases passivas.Estas estratégias revelam-se como resultado do contacto linguístico e da mudança da estrutura argumental que se verifica no PM.Entretanto, as novas realizações desta variedade revelam-se sociolinguisticamente sistemáticase estáveis

Referências

ABRAHAM, W. Introduction: passivization and typology. Form vs. function – a confined survey into the research status quo. In: ABRAHAM, W; LEISIÖ, L. (Eds.) Passivization and typology: form and function. Amsterdan/Philadelphia: John Benjamins, 2006, p. 1-29.
AUGUSTO, M. R. A; SOUZA, R F. A. Passivas no português brasileiro: considerações acerca da estrutura em uma língua de tópico e o ensino. In: Atas do V SIMELP - Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa, 2017, p. 869-882.
BORER, H.; WEXLER, K. The maturation of syntax. In: ROEPER, T.; WILLIAMS, E. (Eds.) Parameter setting. Massachusetts: Reidel, 1987, p. 123-172.
BRITO, A. M. Two base generated structures for ditransitives in European Portuguese. Oslo Studies in Language 7 (1), 2015, p. 337-357.
CHOMSKY, N. Syntatic structures. Paris: Mouton- the Hague, 1957.
________. Aspects of the theory of syntax. The MIT Press, 1965.
________. The minimalist program. The MIT Press, 2014.
CORDER, P. The significance of learner's errors. International Review of Applied Linguistics 5, 1967, p. 161-170.
________. Error analysis and interlanguage. Oxiford: Oxiford University Press, 1981.
Demuth, K. Maturation and the acquisition of the Sesotho passive. Language, v. 65, n. 1, 1989, p. 56-80.
Demuth, K. et al. 3-year-olds’ comprehension, production, and generalization of Sesotho passives. Cognition, v. 115, n. 2, 2010, p. 238-251.
Duarte, I. A família das construções inacusativas. In: MATEUS, M. H. M. et al. (Org.) Gramática da língua portuguesa. Lisboa: Caminho, 2003, p. 507-548.
________. Construções ativas, passivas, incoativas e médias. In: RAPOSO, E. B. et al. (Orgs.) Gramática do português. Lisboa: Caminho, 2013, p.430-460
ESTRELA, A. A Aquisição da estrutura passiva em português Europeu. 305f. Lisboa, Universidade Nova de lisboa (Tese de Doutoramento), 2013, p. 305.
________. A passiva em português europeu: questões de aquisição. In: PEREIRA, M. I; FERREIRA-GONÇALVES, G. (Orgs.) Verba Volant, 3, 2, 2012, p. 1-21.
GABRIEL, R. A Aquisição das construções passivas em português e inglês: um estudo translinguístico. 238f. Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, (Tese de Doutoramento), 2001, 238p.
GIVÓN, T. Grammatical relations in passive clauses: A diachronic perspective. In: ABRAHAM, W; LEISIÖ, L. (ed.) Passivization and typology: form and function. Amsterdan/Philadelphia: John Benjamins, 2006, p. 337-352.
GONÇALVES, G. The role of ambiguity in second language change: the case of Mozambican AfricanPortuguese. Second Language Research, v. 18, No. 4, 2002, p. 325-347. Sage Publications, Ltd.
________. Português de Moçambique: uma variedade em formação. Maputo: Livraria Universitária-UEM, 1996.
________. Português de Moçambique: problemas e limites de padronização de uma variante não-nativa. In: Sinner, C. (Ed.) Norm und Normkonflikte in der Romanian. Munich: Peniopel, 2005, p.184-195.
________. A génese do português de Moçambique. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2010.
GONÇALVES, p. et al. Panorama do português oral de Maputo – Volume I: Objetivos e Métodos. Maputo: INDE, 1997.
Gonçalves, R. M. G. (2016) Costruções ditransitivas no Português de São-Tomé. 286f. Lisboa, Universidade de Lisboa (Tese de Doutoramento), 286p.
KEENAN. E. L; DRYER, M. S. Passive in the world’s languages. CUUK170B-Shopen V. 1, 2006, p. 225-265.
KULIKOV, L. Passive and middle in Indo-European: Reconstructing the early Vedic passive paradigm”. In: ABRAHAM, W; LEISIÖ, L. (Eds.) Passivization and typology: form and function. Amsterdan/Philadelphia: John Benjamins, 2006, p. 62-83.
NHATUVE, D. Reflexão sobre a normatização do Português de Moçambique. Fórum Linguístico. Florianópolis, v. 14, n. 2, 2017, p. 1997-2007.
NHATUVE, D. J. R; FONSECA, M. C. Aspectos da sintaxe do português falado no sul de Moçambique. Revista de Letras, II, n.º 11, 2012, p. 145-156.
PERES, J. A; MÓIA, T. Áreas críticas da língua portuguesa. Lisboa: Caminho, 1995.
SELINKER, L. Interlanguage. International Review of Applied Linguistics in Language Teaching, vol. 10, 1972, p. 209-231.
TEIXEIRA, M. T; OTHERO, G. A. Aquisição de sentenças passivas: uma retrospectiva teórico-experimental. Forum Linguístico. Florianópolis, v. 15, n. 3, 2018, p. 3241-3258.

Downloads

Publicado

2021-02-07

Como Citar

Nhatuve, D., & Mavota, L. I. . (2021). Passivas eventivas no Português de Moçambique. Porto Das Letras, 7(1), 221–243. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/10574