Os Clíticos Pronominais em Construções Relativas Restritivas no Português Escrito em Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.307Resumo
A partir da constatação de Gonçalves (1996), Mapasse (2005), César (2014) e Wache (2018), a qual refere que, no Português de Moçambique (PM), há tendência, em construções de relativização, para o alojamento de clítico pronominal na posição enclítica, procura-se, neste artigo, explorar os contextos da ocorrência da próclise e da ênclise em construções relativas restritivas, em complexos verbais e em estruturas simples, no PM. Foi usado o corpus de Wache (2023), o qual é composto por 815 frases relativas, das quais 112 ocorrem com pronomes clíticos. A análise de dados quantitativos foi feita com auxílio de uma folha excel que continha variáveis independentes linguísticas e extralinguísticas. Os resultados revelam que tanto em frases simples como em complexos verbais, a próclise é predominante no PM, o que demostra a conservação do Portugues europeu (PE) culto. A ênclise no PM não é totalmente estranha ao PE tanto em estruturas simples como em complexos verbais, já que ocorre em contextos similares. Os dados em nossa posse indicam que não há evidências plausíveis que demostrem que a ênclise, em construções de relativização, tende a ser o padrão nesta variedade em formação.
Palavras-chave: próclise e ênclise, orações relativas restritivas, PM
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