AS VARIEDADES DO PORTUGUÊS E O PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM MOÇAMBIQUE
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.3013Resumo
O artigo investiga os discursos dos Tik Tok em Moçambique. O problema é a intolerância às variedades do Português Moçambicano praticadas por moçambicanos “cultores” da “norma culta”, o Português Europeu. A pesquisa partiu da questão: será que os discursos intolerantes às variantes do Português Moçambicano decorrem do Preconceito Linguístico? O objectivo geral foi de investigar os discursos do Tik Tok, em rigor analisá-los e discuti-los na perspectiva da Mitologia do Preconceito Linguístico. O estudo é embasado nos princípios da Linguística Cognitiva, Linguística Funcional, Linguística Funcional Centrada no Uso (TOMASELLO, 1998 apud CAVALCANTE; SILVA; OLIVEIRA, 2020) e na Mitologia do Preconceito Linguístico (BAGNO, 2007). O paradigma de pesquisa foi social, aplicada, exploratória e qualitativa, com o método de abordagem dialéctico e procedimento de estudo de caso. As técnicas de geração de dados foram a revisão bibliográfica, a observação simples e a análise de conteúdos. Os resultados mostraram que os discursos decorrem do preconceito social, da intolerância à fala característica da Região Norte de Moçambique e da influência do ensino da língua que obriga o indivíduo a pronunciar como se escreve.
Palavras-chave: Português Moçambicano; Português Europeu; Preconceito Linguístico; Tik Tok.
Referências
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
BAMBO, P. A troca de consoantes oclusivas orais no Português de Moçambique por falantes nativos do Emakhuwa. In: DIAS, H. N. & TAELA, I. E. Português Moçambicano I. Maputo: Alcance, 2022. Cap. 1. p. 128-138.
BERGSTRÖM, M. & REIS, N. Prontuário Ortográfico e guia da língua portuguesa. Edição especial. Lisboa: Notícia, 1988.
CAVALCANTE, S. A. S.; SILVA, L. A. & OLIVEIRA, T. L. Funcionalismo linguístico: a língua em uso. In: LIMA, Á. H. V.; SOARES, M. E. & CAVALCANTE, S. A. S. (Org.). Linguística geral: os conceitos que todos precisam conhecer. Vol. 1. São Paulo: Pimenta Cultural, 2020. Cap. 4. p. 103-140.
CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 15. ed. Lisboa: João Sá da Costa, 1999.
DIAS, H. N. A norma padrão e as mudanças linguísticas na língua portuguesa nos Meios de Comunicação de Massas em Moçambique. In: ______. (Org.). Português Moçambicano: estudos e reflexões. Maputo: Imprensa Universitária, 2009. cap. 16. p. 404-420.
FELIX, V. H. O que é Tik Tok? In: MOBILON, T.; HIGA, P. & VENTURA, F. Tecnoblog. Brasil, 2020. Disponível em: https://tecnoblog.net/responde/o-que-e-tiktok/. Acessado em 10 de jan. 2023.
FERRÃO, V. Compreender Moçambique. Maputo: DINAME, 2002.
FIRMINO, G. Alguns problemas da normatização do português em Moçambique. Maputo: Limani, 1987.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GOENHA, A. Política linguística: Acordo Ortográfico e dilema em Moçambique. DIAS, H. N. & TAELA, I. E. Português Moçambicano II. Maputo: Alcance, 2022. cap. 6. p. 67-74.
GONÇALVES, P. A génese do Português de Moçambique. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010.
GONÇALVES, P. Situação actual da língua portuguesa em Moçambique. In: Congresso sobre a Situação Actual da Língua Portuguesa no Mundo. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983. Actas, vol. 1. p. 243-251.
GREENBERG, J. H. Classificação das línguas da África: parte I. In: KI-ZERBO, J. (Org.). História Geral da África I: Metodologia e pré-história da África. 2. ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010. Cap. 12. p. 317-336.
GUTHRIE, M. The Classification of the Bantu Languages bound with Bantu Word Division. London: Oxford University Express, 1948.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (INE). IV Recenseamento Geral da População e Habitação. Maputo: INE, 2017.
LUÍS, M. Características de um padrão de Português Moçambicano emergente em contexto escolar. Maputo: Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação, 2004.
NGUNGA, A. & FAQUIR, O. G. Padronização da ortografia de línguas moçambicanas: relatório do III seminário. Maputo: Centro de Estudos Africanos, 2011.
PEREIRA, I. & MARTÍINS, C. Metodologias de ensino de PL2 à medida dos aprendentes. In: MATEUS, M. H. M. et al. Metodologias e Materiais para o ensino do Português como Língua Não Materna. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2009. p. 31-36.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Constituição (2004). Constituição da República de Moçambique. 3. ed. Maputo: alcance. Coordenado por Cátia Fernandes.
RAPOSO, E. Algumas observações sobre a noção de língua portuguesa. Boletim de filologia. XXIX. 1984. p. 585-592.
SELINKER, L. Interlanguage. IRAL, v. 10, p. 209-231, 1972.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed. rev. act. 5. reimp. São Paulo: Cortez, 2010.
TAELA, I. E. Português Moçambicano: Marcas e tendências. DIAS, H. N. & TAELA, I. E. Português Moçambicano II. Maputo: Alcance, 2022. cap. 1. p. 10-18.
TEXTO EDITORES. Dicionário integral: Língua Portuguesa. 9. ed. Lisboa: Texto, 2008.
TIMBANE, A. A. Preconceito Linguístico em Moçambique. Sexta-feira, 08.03.2013. Disponível em: http://timbane.blogspot.com/2013/03/preconceito-linguistico-em-mocambique.html. Acessado em 06 de jan. 2023.
TIMBANE, A. A. A influência da política linguística nas desigualdades sociais em Moçambique: opressão, exclusão e preconceito linguístico. Conference Paper, 2019. Disponível em: Lusophone_workshop.pdf. Acessado em 07 de jan. 2023.
TIMBANE, A. A. & BERLINCK, R. de A. A Norma-Padrão Europeia e a Mudança Linguística na Escola Moçambicana. Niterói, n. 32, p. 207-227, 1. sem. 2012.
VILELA, M. Léxico e Gramática. Coimbra: Livraria Almedina, 1995.
XAVIER, M. F. & MATEUS, M. H. M. Dicionário de Termos Linguísticos. 1. Vol. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística, 1990.
WEBB, V. Ensino multicultural da língua. In: STROUD, C. & TUZINE, A. (Org.). Uso de línguas africanas no Ensino: problemas e perspectivas. Maputo: Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação, 1998. Cap. 2. p. 69-88.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).