AVALIAÇÃO DO CUSTO HUMANO DO TRABALHO E DAS ESTRATÉGIAS DE MEDIAÇÃO DOS MÉDICOS DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487V5N1P28

Palavras-chave:

Custo humano do trabalho; estratégias de mediação; Ergonomia; emergências médicas

Resumo

Esta pesquisa buscou identificar os custos humanos relacionados à atividade médica em uma Unidade de Pronto Atendimento e descrever as estratégias lançadas por estes profissionais para lidar com os custos. O estudo foi conduzido balizado pela perspectiva da Ergonomia da Atividade. Foram realizadas 13 entrevistas semiestruturadas e os dados submetidos à análise lexical com o uso do software IRaMuTeQ. Foram observados nos discursos relativos aos custos humanos do trabalho uma predominância negativa (84,2% dos discursos analisados), com a descrição de repercussões fisiológicas do trabalho na forma de sintomas e doenças; além de repercussões físicas, cognitivas e afetivas, representadas sob a forma de exaustão, sobrecarga, esgotamento, cansaço, ansiedade, tristeza, labilidade emocional. As estratégias identificadas nos discursos foram classificadas em dois eixos: um relativo à necessidade de apoio, seja pelos colegas de trabalho, de outros profissionais, da gestão, de familiares ou de amigos; o segundo eixo descreve estratégias dentro e fora do trabalho para lidar com os custos identificados, representados por atividade física, fazer o que gosta, “desligar-se” do trabalho, busca da religiosidade e da ressignificação do trabalho. O estudo fomenta demandas da unidade pesquisada e de outras pesquisas no contexto de emergências médicas, com vistas à mudanças do contexto de trabalho.

Biografia do Autor

Leandro Silva Pádua, Universidade de Brasília

Médico, Mestre em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília.

Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Mário César Ferreira, Universidade de Brasília UnB

Psicólogo do Trabalho, Doutor em Ergonomia pela École Pratique des Hautes Études, França (1998). Professor na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil

Referências

Assunção, A. (2003). Uma contribuição ao debate sobre as relações saúde e trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, 8(4), 1005-1018. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232003000400022

Assunção, A. L. (2003). A contribuição da Ergonomia para a identificação, Redução e Eliminação da Nocividade do Trabalho. In R. M. (org). Patologia do Trabalho (pp. 1768-1789). Ed. Atheneu.

Barata, R. (2009). Relações de gênero e saúde: desigualdade ou discriminação? In R. Barata, Como e por que as desigualdades sociais fazem mal à saúde (pp. 73-94). Editora Fiocruz.

Barros, N. M., & HONÓRIO, L. C. (Janeiro de 2015). Riscos de Adoecimento no Trabalho de Médicos e Enfermeiros em um Hospital Regional Mato-Grossense. Revista de Gestão, 22(1), 21-39.

Botton, A. C. (Jan-Jun de 2017). Diferenças de gênero no acesso aos serviços de saúde: problematizações necessárias. Mudanças. Psicologia da Saúde, 25(1).

Camargo, B. V. (2013). IRAMUTEQ: Um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v21n2/v21n2a16.pdf

CFM. (2007). A Saúde dos Médicos no Brasil. Conselho Federal de Medicina.

Chiavegato Filho, L. (2017). A prática médica no Sistema Único de Saúde: quando uma atividade de trabalho pede socorro. Estudos de Psicologia, 34(1), 63-73. https://dx.doi.org/10.1590/1982-02752017000100007

CNS. (2012). Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Conselho Nacional de Saúde (CNS).

CNS. (2016). Resolução Nº 510, de 07 de abril de 2016. Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Daniellou, F., & (Org.). (2004). A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos. Edgard Blücher.

Davezies, P. (1998). Recherche en ergonomie et santé. In Actes du Colloque Recherche et Ergonomie (pp. 173-176). Toulouse.

Dejours, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Production, 14(3), 27-34. https://doi.org/10.1590/S0103-65132004000300004

Demo, P. (2000). Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Tempo Brasileiro.

Domingues, A. (2001). A dificuldade de expressar emoções: um estudo psicossocial da servidão. [Dissertação de Mestrado]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.

Eisenhardt, K. (1989). Building Theory from Case Study Research. The Academy of Management Review, 14(4).

Ferreira, M. (2015). Ergonomia da Atividade aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho: lugar, importância e contribuição da Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Rev. bras. Saúde ocup., 40(131), 18-29.

Ferreira, M. C. (2008). A ergonomia da atividade se interessa pela qualidade de vida no trabalho? Reflexões empíricas e teóricas. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 11(1), 83-99.

Ferreira, M. C. (Fevereiro de 2009). Onde mora a felicidade? Jornal do Brasil, 13-13.

Ferreira, M. C. (2017). Qualidade de Vida no Trabalho. Uma abordagem centrada no olhar dos trabalhadores (3 ed.). Paralelo 15.

Ferreira, M. C., & Seidl, J. (2009). Mal-estar no Trabalho: Análise da Cultura Organizacional de um Contexto Bancário Brasileiro. Psicologia Teoria e Pesquisa, 25(2), 245-254.

Ferreira, M. C., Araújo, J. N., Almeida, C. P., & Mendes, A. M. (2011). Dominação e Resistência no Contexto Trabalho-Saúde (1 ed.). Editora Makenzie.

Gaulejac, V. d. (2007). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Ideias e Letras.

Gil, A. C. (2001). Métodos e técnicas de pesquisa social (6 ed.). Atlas.

Guérin, F. e. (2001). Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. Edgard Blücher.

Lima, S. C. (2012). O trabalho do cuidado: uma análise psicodinâmica. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 12(2), 203-2015. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-66572012000200006&lng=pt&tlng=pt

Machado, M., Ávila, C., Braga, M., Campos, M., Lozana, J., Oliveira, E., Teixeira, M. &. (1996). Perfil dos Médicos no Brasil – relatório final: Médicos em números. FIOCRUZ/CFMMS/PNUD.

Machado, M., Barcellos, E., Braga, M., Campos, M., Lozana, J., Oliveira, E. S., Rego, S. &. (1997). Os Médicos no Brasil – um retrato da realidade. Fiocruz.

Mendes, A. M., & Ferreira, M. C. (2007). Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento – ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In A. M. Mendes. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisa. Casa do Psicólogo.

Morin, E. (2004). The meaning of work in modern times. 10th World Congress on Human Resources Management. Rio de Janeiro.

Nações unidas no brasil. (s.d.). A Agenda 2030. https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/

Organização Internacional do Trabalho (2013). La prevención de las enfermedades profesionales. Organización Internacional del Trabajo.

Oliveira, T. M. (2001). Amostragem não probabilística: adequação de situações para uso e limitações de amostras por conveniência, julgamento e quotas. FECAP. http://www.fecap.br/adm_online/art23/tania2.htm

Pinho, D. L., Abrahão, J. I., & Ferreira, M. (2003). As estratégias operatórias e a gestão da informação no trabalho de enfermagem, no contexto hospitalar. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 11, 168-176.

Pizo, C. A., & Menegon, N. L. (26 de Novembro de 2010). Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico do conhecimento gerado. Production, 20(4).

Ramos-Cerqueira, Abreu, A. T., & Lima, M. C. (2002). A formação da identidade do médico: implicações para o ensino de graduação em Medicina. Interface. Comunicação, Saúde, Educação, 6(11), 107-116. https://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832002000200008

Reinert, M. A. (1990). Une méthodologie d’analyse des données textuelles et une application. In A. G. de Nerval, Bulletin de Méthodologie Sociologique, 28, 24-54.

Scheffer, M., Cassenote, A., Guilloux, A. G., Biancarelli, A., Miotto, B. A., & Mainardi, G. M. (2018). Demografia Médica no Brasil 2018. Conselho Federal de Medicina.

Silva, M. M. (2001). Trabalho medico e o desgaste profissional: pensando um método de investigação. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, Brasil. http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/313166

Wisner, A. (1995). Ergonomie et analyse ergonomique du travail: Un champ de l’art de l’ingénieur et une méthodologie générale des sciences humaines. In Performances Humaines & Techniques (pp. 74-78). Série Séminaire Paris I.

Yin, R. K. (2015). Estudo de Caso: planejamento e métodos. Bookman.

Downloads

Publicado

2020-06-15

Como Citar

Pádua, L. S., & Ferreira, M. C. (2020). AVALIAÇÃO DO CUSTO HUMANO DO TRABALHO E DAS ESTRATÉGIAS DE MEDIAÇÃO DOS MÉDICOS DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO. Trabalho (En)Cena, 5(1), 28–52. https://doi.org/10.20873/2526-1487V5N1P28

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)