AVALIAÇÃO DO CUSTO HUMANO DO TRABALHO E DAS ESTRATÉGIAS DE MEDIAÇÃO DOS MÉDICOS DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487V5N1P28Palavras-chave:
Custo humano do trabalho; estratégias de mediação; Ergonomia; emergências médicasResumo
Esta pesquisa buscou identificar os custos humanos relacionados à atividade médica em uma Unidade de Pronto Atendimento e descrever as estratégias lançadas por estes profissionais para lidar com os custos. O estudo foi conduzido balizado pela perspectiva da Ergonomia da Atividade. Foram realizadas 13 entrevistas semiestruturadas e os dados submetidos à análise lexical com o uso do software IRaMuTeQ. Foram observados nos discursos relativos aos custos humanos do trabalho uma predominância negativa (84,2% dos discursos analisados), com a descrição de repercussões fisiológicas do trabalho na forma de sintomas e doenças; além de repercussões físicas, cognitivas e afetivas, representadas sob a forma de exaustão, sobrecarga, esgotamento, cansaço, ansiedade, tristeza, labilidade emocional. As estratégias identificadas nos discursos foram classificadas em dois eixos: um relativo à necessidade de apoio, seja pelos colegas de trabalho, de outros profissionais, da gestão, de familiares ou de amigos; o segundo eixo descreve estratégias dentro e fora do trabalho para lidar com os custos identificados, representados por atividade física, fazer o que gosta, “desligar-se” do trabalho, busca da religiosidade e da ressignificação do trabalho. O estudo fomenta demandas da unidade pesquisada e de outras pesquisas no contexto de emergências médicas, com vistas à mudanças do contexto de trabalho.
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