O Fausto Kafkiano

análise do romance “O Castelo”

Autores

  • Daniel Atroch UNINORTE - SER EDUCACIONAL

Palavras-chave:

Franz Kafka; O castelo; mito de Fausto.

Resumo

Em posfácio à sua tradução d’ O Castelo, Modesto Carone afirma que o romance é denominado ao menos duas vezes pela crítica de “Fausto kafkiano”, sem, no entanto, aprofundar a questão. Para avaliarmos o alcance de tal assertiva, buscamos caracterizar o que vem a ser a categoria filosófica do “Homem Fáustico”. Segundo João Barrento, o mito do Fausto possui dois constituintes essenciais: o desejo de poder, sobretudo na forma do conhecimento, e o princípio do prazer, dado que se trata de uma figura mítica contestadora que desponta no contexto da tradição ocidental judaico-cristã, mas que prenuncia a ascensão burguesa. A partir desta definição, dos contributos de outros críticos e pensadores, e de uma aproximação com o Fausto de Goethe, versão paradigmática do grande mito germânico, pretendemos caracterizar o que há de Fáustico em K., o obstinado agrimensor que transgride os interditos da aldeia do Conde de Westwest em busca de Klamm, o poderoso senhor do castelo.

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Publicado

2021-02-07

Como Citar

Atroch, D. (2021). O Fausto Kafkiano: análise do romance “O Castelo”. Porto Das Letras, 7(1), 273–299. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/9990