“Terreiro” e “macumba”: tensões de raça e classe nas ordens das significações
Palavras-chave:
Dicionário; Google; Terreiro; MacumbaResumo
Neste artigo, a partir da articulação entre Análise de Discurso materialista e História das Ideias Linguísticas, buscamos analisar como, no contexto do dicionário do Google, os verbetes “terreiro” e “macumba” são significados. Considerando os processos de gramaticalização e instrumentalização da língua, encaramos o dicionário enquanto um instrumento tecnológico de gramatização cujas definições são estabilizadas por/em determinadas condições de produção. Assim, para nossas análises sobre verbetes em dicionários brasileiros, ponderamos que nossas condições de produção são diretamente atravessadas por relações de raça e classe e pelo funcionamento discursivo do mito da democracia racial, que faz circular sentidos acerca de uma suposta vivência harmônica e cordial entre diferentes grupos raciais no Brasil. Consequentemente, a partir da potencialidade das relações entre racismo e língua, esses discursos se refletem na elaboração dos instrumentos linguísticos como os dicionários, mesmo que suas formulações e circulações sejam afetadas pelo funcionamento do digital. Compreendemos, então, como tais definições, construídas sob sentidos de neutralidade descritiva, dizem (ou não) sobre sujeitos, espaços e saberes relacionados às religiões de matriz africana.
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