A Linguagem do RAP como Resistência à(s) Norma(s)

Autores

  • Cecília Universidade Federal de Santa Catarina
  • Carla Universidade Federal de Santa Catarina

Palavras-chave:

Norma linguística brasileira; Identidade discursiva do RAP; Dialogismo bakhtiniano; Resistência

Resumo

Este trabalho visa defender a ideia de que os indivíduos que se identificam com a identidade do RAP nacional possuem uma linguagem própria que resiste à norma padrão linguística que foi imposta artificialmente no Brasil, desde o século XIX. A identidade cultural formada a partir do movimento hip hop traz em seu discurso o protesto contra as dificuldades pelas quais passam as minorias marginalizadas no espaço urbano e afirmam sua identidade linguística e social através da construção de uma variedade linguística específica desse movimento. Tais indivíduos se utilizam de usos não-formais e não-padrões da língua, não importando o estigma ou o preconceito linguístico, pois há motivações sociais para esses usos. As gírias, os marcadores discursivos e as escolhas lexicais servem como um recurso de união do grupo, já que na maioria das vezes somente seus membros entendem e avaliam bem aquela variedade específica. Levaremos em conta a concepção dialógica proposta pelo círculo de Bakhtin (2003 [1952/53]; 2004, [1929]), que possui uma dimensão socioideológica e se encaixa na questão discursiva do RAP, considerando que, nessa abordagem, a palavra é considerada o fenômeno ideológico por excelência. Ilustraremos nossos argumentos apresentando dois indivíduos representantes do RAP florianopolitano, Negro Rudhy e Élidecê, para exemplificar esse caráter de resistências linguísticas e performáticas desse gênero poético-musical que desde o princípio se comprometeu a trazer à tona a história do povo negro e periférico.

Biografia do Autor

Cecília, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda em Linguística do Programa de Pós-Graduação em Linguística, da Universidade Federal de Santa Catarina, bolsista CAPES/PROEX. E-mail: cecilia88augusta@gmail.com

Carla, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura, da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: carlinhamello84@gmail.com.

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Publicado

2020-04-17

Como Citar

Vieira Pinto, C. A., & Mello, C. C. (2020). A Linguagem do RAP como Resistência à(s) Norma(s). Porto Das Letras, 6(1), 93–113. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/8348

Edição

Seção

Estudos em variação linguística: teoria, métodos e descrição de variedades br.