Principais Causas do Assédio Moral no Trabalho em um Tribunal do Poder Judiciário Exercício da Hierarquia e Tradição Familiar em Questão
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e025004Keywords:
assédio moral no trabalho, violência simbólica, Bourdieu, ergonomia da atividadeAbstract
O mundo do trabalho passou por profundas alterações nos últimos 50 anos que modificaram a forma como as pessoas se relacionam no ambiente laboral. As violências no trabalho ganharam novos contornos, um deles é o assédio moral no trabalho (AMT). O objetivo da pesquisa foi levantar as causas de AMT na visão dos trabalhadores de um Tribunal Estadual, tendo como ancoragem a teoria de Pierre Bourdieu e a Ergonomia da Atividade, ambas interessadas no protagonismo do trabalhador nos processos sociais e organizacionais, respectivamente. Participaram do estudo 38 trabalhadores, sendo 14 terceirizados(as), 11 servidores(as), 6 magistrados(as) e 7 estagiários(as). Realizou-se grupos focais com trabalhadores em vínculo com a instituição. O tratamento dos dados foi feito por meio do software IRaMuTeQ e identificou-se os núcleos temáticos estruturadores do discurso. Resultados mostram que as principais causas do AMT foram pensamentos de superioridade, gestão inadequada, hierarquia rígida, diferenciação injusta, ausência de punição e disputas de poder. Os achados têm grande importância pois são propulsores de mal-estar no trabalho e apontam para a vulnerabilidade à violência simbólica, subsídios valiosos para a instituição que explicitam o caráter aplicado da investigação e sua contribuição para a prevenção do AMT.
References
Barreto, M., & Heloani, R. (2015). Violência, saúde e trabalho: A intolerância e o assédio moral nas relações laborais. Serviço Social & Sociedade, 544–561. https://doi.org/10.1590/0101-6628.036
Bourdieu, P. (1998). O capital social – notas provisórias. Em A. C. Nogueira, Escritos de Educação. Petrópolis : Vozes.
Bourdieu, P. (2008). Razões práticas: Sobre a teoria da ação. Papirus.
Bourdieu, P. (2012). O poder simbólico. Bertrand Brasil.
Bourdieu, Pierre. (2021). Questões de sociologia. Editora Vozes.
Bourdieu, Pierre. (2022). A dominação masculina. Bertrand Brasil.
Catani, A. M. (2013). Origem e destino: Pensando a sociologia reflexiva de Bourdieu. Mercado de Letras.
Comparato, F. K. (2016). O Poder Judiciário no Brasil. Revista Estudos Institucionais, 2(1), 114–143. https://doi.org/10.21783/rei.v2i1.37
Conselho Nacional de Justiça (2020). Resolução 351.
Conselho Nacional de Justiça. (2021). Justiça em números 2021.
Conselho Nacional de Justiça. (2022). Pesquisa nacional assédio e discriminação no âmbito do Poder Judiciário.
Conselho Nacional de Justiça. (2023). Assédio e discriminação no âmbito do Poder Judiciário: 2ª pesquisa nacional.
Dejours, C. (2005). A banalização da injustiça social. Fundação Getúlio Vargas.
Ferreira, M. C. (2017). Qualidade de vida no trabalho: Uma abordagem centrada no olhar dos trabalhadores. Paralelo 15.
Freitas, M. E. de. (2007). Quem paga a conta do assédio moral no trabalho? RAE eletrônica, 6. https://doi.org/10.1590/S1676-56482007000100011
Gonçalves, J., Schweitzer, L., & Tolfo, S. de R. (2020). Assédio moral no trabalho: Uma revisão de publicações brasileiras. Revista Interinstitucional de Psicologia, 13(1), 1–18. https://doi.org/10.36298/gerais2020130105
Grazina, I., & Magalhães, J. (2011). Assédio moral no trabalho: A relação com a cultura organizacional. Psique, 7, 107-130.
Grenfell, M. (2021). Pierre Bourdieu: Conceitos fundamentais. Editora Vozes.
Guimarães, M. C. (2009). Transformações do trabalho e violência psicológica no serviço público brasileiro. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 34, 163–171. https://doi.org/10.1590/S0303-76572009000200007
Hirigoyen, M. F. (2022). Mal-estar no trabalho. Bertrand Brasil.
Keil, I. L. M. (2015). Grupo focal: Algumas notas sobre questões práticas. Revista Debates, 9(1). https://doi.org/10.22456/1982-5269.54052
Machado, P. A. B., Trus Schiavi, B., Paida Da Silva, N., & Raya Amazarray, M. (2022). Dor e sofrimento: Produção científica no brasil sobre assédio moral no trabalho (2010-2020). Trabalho (En)Cena, 7. https://doi.org/10.20873/2526-1487e022012
Machado, P. A., & Kieling, M. J. (2018). Assédio moral no judiciário: Prevalência e repercussões na saúde dos trabalhadores. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 18(2), 346–353. https://doi.org/10.17652/rpot/2018.2.13516
Oliveira, R. P. de, & Nunes, M. O. (2008). Violência relacionada ao trabalho: Uma proposta conceitual. Saúde e Sociedade, 17, 22–34. https://doi.org/10.1590/S0104-12902008000400004
Quijoux, M. (2021). Reprodução, habitus, campo. Política & Trabalho: Revista de Ciências Sociais. https://periodicos.ufpb.br/index.php/politicaetrabalho/article/view/60155
Resolução CNS Nº 510, de 07 de abril de 2016.
Rodrigues, D. B., Nascimento, L. P., & Freitas, F. S. (2023). Os limites entre o exercício do poder diretivo do empregador no contrato de emprego e o início da configuração do assédio moral vertical descendente. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, 2(1). https://revista.unipacto.com.br/index.php/multidisciplinar/article/view/1208
Schlindwein, V. D. C. (2019). Assédio moral como estratégia de gestão no serviço público. Trabalho (En)Cena, 4(1), 221–237. https://doi.org/10.20873/2526-1487V4N1P221
Schwarcz, L. M. (2020). Sobre o autoritarismo brasileiro. Companhia das Letras.
Soares, L. Q., & Ferreira, M. C. (2006). Pesquisa participante como opção metodológica para investigação de práticas de assédio moral no trabalho. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 6(2), 85–109.
Soboll, L. A. (2008). Assédio moral e organizacional: Análise da organização do trabalho. Pearson Education.
Souza, K. L. (2023). Bem-Estar e Mal-Estar no Trabalho no Contexto do Poder Judiciário Brasileiro: Uma Coabitação em Permanente Tensão e Risco. [Tese de doutorado]. Universidade de Brasília.
Sznelwar, D. L. (Org.). (2015). Trabalhar na magistratura, construção da subjetividade, saúde e desenvolvimento profissional. https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2011/02/47015a1dfc85e2169ca0de526665d870.pdf
Torres, C. C., Ferreira, M. C., & Ferreira, R. R. (2016). Trabalhadores descartáveis?: Condição de terceirizado e mal-estar no trabalho. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 16(3), 715–735
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Katia de Lima, Mário César Ferreira

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados pela Revista Trabalho EnCena permanecem propriedade dos autores, que cedem o direito de primeira publicação à revista. Os autores devem reconhecer a revista em publicações posteriores do manuscrito. O conteúdo da Revista Trabalho EnCena está sob a Licença Creative Commons de publicação em Acesso Aberto. É de responsabilidade dos autores não ter a duplicação de publicação ou tradução de artigo já publicado em outro periódico ou como capítulo de livro. A Revista Trabalho EnCena não aceita submissões que estejam tramitando em outra Revista. A Revista Trabalho EnCena exige contribuições significativas na concepção e/ou desenvolvimento da pesquisa e/ou redação do manuscrito e obrigatoriamente na revisão e aprovação da versão final. Independente da contribuição, todos os autores são igualmente responsáveis pelo artigo.


