REFLEXOS DO MODELO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA SAÚDE DOCENTE
RECORTE DE UMA PESQUISA EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487V5N1P196Palavras-chave:
Saúde; Professor Universitário; Educação de Pós-graduação.Resumo
A participação em programas de pós-graduação se tornou, ao longo dos anos, uma das principais atividades dos docentes das universidades federais brasileiras. Esta atividade, assim como todas as atividades humanas está subsumida a processos de determinação social que têm sua origem em um modelo societário baseado sobretudo na acumulação financeira. Estes processos atuaram e transformaram a pós-graduação e seus atores, impondo um modelo de produção científica quantitativo, competitivo e produtivista. O marco teórico da pesquisa aqui apresentada é a Epidemiologia Crítica e a Determinação Social da Saúde. Os objetivos do trabalho consistem em estabelecer relações entre o trabalho na pós-graduação e a saúde docente e, principalmente, identificar os principais processos críticos relacionados a esta atividade. Neste artigo foram analisados os dados extraídos de uma pesquisa realizada entre julho de 2014 e julho de 2015. Conclui-se que atividade de pesquisa e pós-graduação se constitui um espaço dialético, em que estão presentes tanto processos críticos protetores quanto destrutivos, pois, de um lado, esta atividade permite aos docentes exprimir sua criatividade na pesquisa e na formação de novos pesquisadores, mas, por outro lado, está submetida a um modelo de avaliação produtivista, competitivo, meritocrático, que implica estresse e sobrecarga de trabalho.
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