Autonomia e Criatividade no trabalho de equipes de saúde da família no sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487V2N140

Palavras-chave:

Autonomia Profissional, Criatividade, Saúde da Família, Avaliação em Saúde

Resumo

A Saúde da Família tem um espaço muito importante em todo território brasileiro e é fundamental para os cuidados em saúde da população. Os profissionais inseridos nesse meio lidam diariamente com situação novas, imprevistas ligadas as demandas dos usuários devendo ser dotados de experiência e conhecimento para atendê-los da melhor forma possível. Dentro desse intuito a autonomia e criatividade profissional desempenha um papel importante, pois quando presente relaciona-se ao auto-reconhecimento e valorização profissional sendo um fator de prazer no ambiente de trabalho. O objetivo do artigo é analisar a autonomia e criatividade no trabalho dos profissionais de saúde da família do sul do Brasil. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa que teve como referencial teórico a psicodinâmica do trabalho e foi realizado com profissionais de equipes de saúde da família de três Unidades de Saúde pertencentes a um grupo hospitalar no sul do Brasil. Para coleta das informações foram utilizadas a observação e entrevistas coletivas e a análise dos dados foi utilizada o método análise de conteúdo. Os profissionais das equipes de SF consideram a autonomia e criatividade como um indicador de prazer no trabalho, pois através dela foge-se da robotização no trabalho, possibilita a personalização nas tarefas em que o profissional tem liberdade de demonstrar seus conhecimentos, experiências e capacidades para organizar e produzir seu trabalho. Conclui-se que os profissionais das equipes investigadas referem-se ao seu trabalho como prazeroso, identificam sentimentos de satisfação no trabalho quando realizado com autonomia e criatividade. Por outro lado, quando o trabalhador não consegue negociar o trabalho prescrito com seu potencial subjetivo e criativo na construção do trabalho convive com o sofrimento.

Biografia do Autor

Cecília Helena Glanzner, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica. Pesquisadora do Grupo Interdisciplinar de Saúde Ocupacional. Possui Graduação em Enfermagem (2000), Licenciatura em Enfermagem (2001) , Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008). Doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). Trabalhou como enfermeira do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Hospital Nossa Senhora da Conceição S/A e como Professora do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Feevale. Tem experiência na área de Enfermagem cirúrgica e Bloco Cirúrgico e, em pesquisas com ênfase na área de saúde, saúde mental do trabalhador e avaliação de serviços de saúde.

Agnes Olschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui doutorado em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da USP (2001), mestrado em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo (1996) e graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1982). Atualmente é Professora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, docente credenciado junto ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS, membro de Conselho da Associação Brasileira de Enfermagem e membro do Conselho Editorial da Revista Gaúcha de Enfermagem. Coordenadora da pesquisa "Avaliação das ações de saúde mental na ESF", financiada pelo CNPq e MS. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem Psiquiátrica, atuando principalmente nos seguintes temas: enfermagem, saúde mental, enfermagem psiquiátrica, ensino de enfermagem, prazer e sofrimento no trabalho e ações de saúde mental na atenção básica.

Deisi Angélica Hoffmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduanda de Enfermagem da Escola de Enfermagem da UFRGS

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Publicado

2017-09-27

Como Citar

Glanzner, C. H., Olschowsky, A., & Hoffmann, D. A. (2017). Autonomia e Criatividade no trabalho de equipes de saúde da família no sul do Brasil. Trabalho (En)Cena, 2(1), 40–49. https://doi.org/10.20873/2526-1487V2N140

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Artigo de Pesquisa

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