Entre a presença e a ausência
A estética da destruição em Black River e The Cage
Mots-clés :
narrativas apocalípticas; romances gráficos; modernidade; espaçoRésumé
Este artigo discute a representação de espaços devastados em dois romances gráficos, The Cage, de Martin Vaughn-James, publicado originalmente no Canadá em 1975, e Black River, de Josh Simmons, publicado em 2015 nos Estados Unidos. Black River é claramente uma narrativa pós-apocalíptica, enquanto a classificação de The Cage em um gênero específico é mais problemática. De qualquer forma, as duas obras recorrem a uma estética de ruínas, oriunda de uma longa tradição gótica, para pôr em questão a possibilidade da construção de sentido e da própria narrativa. Elas nos convidam a pensar sobre o papel da memória e sua ligação com a identidade no cenário extremo da paisagem devastada. Se a modernidade vê o presente como uma ruptura radical com o passado, talvez seja possível ver nessa paisagem uma representação alegórica da própria modernidade e sua relação conflituosa com um passado constantemente destruído, mas que continua a assombrar o presente através de seus resquícios. Nesse caso, cabe também nos interrogarmos sobre o fascínio exercido por esse espaço, seja como fonte de repulsa ou objeto de desejo.
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