Situação sociolinguística do cárcere feminino: um dizer-grito emitido pelos olhos
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.3010Resumo
Além de todos os aprisionamentos e silenciamentos socio-ideológicos que perpassam os corpos femininos, e ainda mais os das mulheres negras, as presidiárias sofrem a criação de suas ausências, pelo espaço em que se encontram, por ser um local historicamente construído para concretizar o apagamento de sujeitos considerados fora da norma branco-eurofalocêntrica. O objetivo deste artigo é evidenciar, por meio de narrativas, a situação sociopolítico-linguística de mulheres aprisionadas, com ênfase no dizer-grito que é possível perceber em seus olhares. Por meio do paradigma indiciário, ao interpretar as narrativas, espera-se que seja possível perscrutar indícios e perceber os usos criativos que as autoras das narrativas fazem do espaço geo-político marcado em que se encontram, bem como os modos pelos quais elas se definem e se posicionam nesse espaço que repercute e institui desigualdades que a sociedade brasileira reproduz desde a colonização.
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