Imagens Da dor e do trauma em Una sola muerte numerosa, de Nora Strejilevich
notas a partir de algumas contribuições da crítica genética e da escrita de si
Palabras clave:
política; narrativas de si; crítica genética; memórias da dor e do traumaResumen
O presente ensaio consiste em uma tentativa de discutir a escrita de si a partir de um diálogo entre as contribuições teóricas da crítica genética e o aparato conceitual sobre as narrativas da experiência/testemunho que se constituem sobre a dor e o trauma. Como objeto específico de análise elegeu-se a obra Una sola muerte numerosa - da escritora argentina contemporânea Nora Strejilevich. A narrativa, na qual se fundem ficção e realidade, traz em si uma multiplicidade de gêneros literários como o romance, a biografia, a autobiografia e o testemunho e a poesia, ventilando múltiplas vozes, discursos e focos narrativos. A superposição de planos – na qual se intercalam o vivido (a experiência), o discurso oficial, e as vozes de outros afetados – funciona como estratégia de modo a se cumprirem os desígnios da reivindicação de uma dimensão subjetiva afeita aos relatos testemunhais. A discussão desdobrar-se-á em dois movimentos: em um primeiro momento busca-se discutir a política da escrita enquanto ato, performance e processo, e a noção de partilha do sensível a partir das contribuições de Jacques Rancière (2007; 2017). A segunda seção terá por objeto a discussão teórica em torno da crítica genética, especialmente no tocante ao papel da memória e do trauma nos processos de composição das narrativas. Pretende-se, portanto, estabelecer uma análise que deslinde, a partir de trechos selecionados, a forma como se constitui, se processa e se materializa a memória do trauma na obra literária em questão.
Palavras-chave: política; narrativas de si; crítica genética; memórias da dor e do trauma.
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