Fios da memória cerzindo os rombos da História:

o legado de desaparecidos em K., relato de uma busca, de Bernardo Kucinski

Autor/innen

  • Luciana Coronel FURG

DOI:

https://doi.org/10.20873.24.4013

Schlagworte:

Autoficção; ditadura; memória; herança.

Abstract

O artigo pretende analisar o projeto literário do escritor brasileiro contemporâneo Bernardo Kucinski, empenhado na reconstrução ficcional da história e da memória de desaparecidos políticos do período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Tendo como objeto o romance K., relato de uma busca (2011), de natureza autoficcional, propõe-se que sob o primado de um vínculo afetivo baseado no sangue ou na afinidade política, o autor figure-se no espaço romanesco como portador do legado deixado pelos entes queridos, assumido como compromisso ético que instaura a necessidade da escrita. O sentido de herança proposto por Jacques Derrida em Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional (1994), relacionado à responsabilidade e com caráter de escolha, fundamenta a leitura proposta. O desenlace alcançado afirma o entendimento crítico segundo o qual o dever de memória é cumprido no texto através da inscrição da voz narrativa na herança acolhida, que é ao mesmo tempo preservada e reinventada no tecido textual, no qual a esfera privada e o espaço público encontram-se impecavelmente costurados.

 

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Veröffentlicht

2024-12-22

Zitationsvorschlag

Coronel, L. (2024). Fios da memória cerzindo os rombos da História:: o legado de desaparecidos em K., relato de uma busca, de Bernardo Kucinski. Porto Das Letras, 10(3), 255–272. https://doi.org/10.20873.24.4013