A INFIDELIDADE DA MULHER MONSTRUOSA: A SUBVERSÃO DE PADRÕES DE FEMINILIDADE EM ZOFLOYA, OR THE MOOR (1806), DE CHARLOTTE DACRE

Autores

  • Paula Pope Ramos Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Poética gótica, gênero, monstro, violência, sexualidade

Resumo

Este trabalho se dedica a investigar a maneira através da qual a mulher violenta, como um corpo infiel aos padrões de feminilidade exigidos de sua classe, subverte a docilidade e a fragilidade do chamado belo sexo em benefício próprio. Neste movimento, ao transpor os limites que lhe foram impostos e garantir agência sobre sua vida, essa mulher ultrapassa a posição de objeto na sociedade e se constrói sujeito potente e soberano. Para tanto, este artigo resgata a autora gótica Charlotte Dacre e a sua obra mais célebre, Zofloya, or the Moor: a romance of the fifteenth-century (1806), a fim de analisar a maneira como a sua protagonista, Victoria di Loredani, em virtude de sua crueldade e sexualidade intensa, mergulha em sua face obscura e se monstruosiza com o objetivo de conquistar os seus desejos. Este processo, no entanto, é produtivo, pois ao fazê-lo ela abre a sua vida a experiências mais ativas e livres, de modo que usufrui dela por inteiro.

Biografia do Autor

Paula Pope Ramos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Publicado

2021-06-05

Como Citar

Ramos, P. P. . (2021). A INFIDELIDADE DA MULHER MONSTRUOSA: A SUBVERSÃO DE PADRÕES DE FEMINILIDADE EM ZOFLOYA, OR THE MOOR (1806), DE CHARLOTTE DACRE . Porto Das Letras, 7(3), 65–79. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/11502

Edição

Seção

Literaturas de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa, Cultura e Política