Entre a presença e a ausência

A estética da destruição em Black River e The Cage

Autores

  • André Cabral de Almeida Cardoso Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

narrativas apocalípticas; romances gráficos; modernidade; espaço

Resumo

Este artigo discute a representação de espaços devastados em dois romances gráficos, The Cage, de Martin Vaughn-James, publicado originalmente no Canadá em 1975, e Black River, de Josh Simmons, publicado em 2015 nos Estados Unidos. Black River é claramente uma narrativa pós-apocalíptica, enquanto a classificação de The Cage em um gênero específico é mais problemática. De qualquer forma, as duas obras recorrem a uma estética de ruínas, oriunda de uma longa tradição gótica, para pôr em questão a possibilidade da construção de sentido e da própria narrativa. Elas nos convidam a pensar sobre o papel da memória e sua ligação com a identidade no cenário extremo da paisagem devastada. Se a modernidade vê o presente como uma ruptura radical com o passado, talvez seja possível ver nessa paisagem uma representação alegórica da própria modernidade e sua relação conflituosa com um passado constantemente destruído, mas que continua a assombrar o presente através de seus resquícios. Nesse caso, cabe também nos interrogarmos sobre o fascínio exercido por esse espaço, seja como fonte de repulsa ou objeto de desejo.

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Publicado

2020-10-27

Como Citar

Cabral de Almeida Cardoso, A. (2020). Entre a presença e a ausência: A estética da destruição em Black River e The Cage. Porto Das Letras, 6(4), 123–145. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/10646

Edição

Seção

Literaturas em Língua Inglesa: diversidades essenciais