ABSENTEÍSMO-DOENÇA
PERFIS DE ADOECIMENTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO PARÁ
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e0210010Palavras-chave:
psicodinâmica do trabalho, absenteísmo-doença, absenteísmo, servidores públicosResumo
As relações do mundo do trabalho repercutem nos processos saúde-doença, por isso este artigo tem por objetivo avaliar a prevalência de absenteísmo-doença, principalmente os de transtornos mentais e comportamentais, a saber, de servidores públicos de uma universidade federal no estado do Pará. A coleta de dados se deu através de consulta do Sistema Siape-Saúde do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal (SIASS) da instituição no ano de 2018. Foi realizada uma análise quantitativa dos afastamentos oriundos de licenças para tratamento de saúde de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Os dados apontam que, 13,95% do total de afastamentos foram motivados por CID-F, sobressaindo os transtornos de humor-afetivo e que 2 servidores, foram responsáveis por 6 pedidos de afastamentos, o que aponta que os transtornos mentais são fatores importantes, representando 142 dias de absenteísmo-doença. Os resultados analisados através da Psicodinâmica do Trabalho revelam as raízes do sofrimento, compreende a relação do trabalhador com esse sofrimento e discute as circunstâncias, reforçando que a concepção de saúde e trabalho é indissociável. Este ensaio pretende embasar ações futuras que possibilitem desenvolver, políticas e práticas de gestão que sejam de fato promotoras de saúde e prazer no trabalho.
Referências
Andrade, D. C. T. (2020). Engajamento no Trabalho no Serviço Público: Um Modelo Multicultural. Revista de Administração Contemporânea, 24(1), 49–76.
Antunes, R. (2009). Século XXI: nova era da precarização estrutural do trabalho. Infoproletários: Degradação Real Do Trabalho Virtual, 231–238.
Borges, L. H. (2010). Depressão. In D. M. R. Glina & L. E. Rocha (Eds.), Saúde mental no trabalho: da teoria à prática. Roca.
Brant, L. C., & Minayo-Gomez, C. (2004). A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, 9, 213–223.
Cavalcante, B. V., Cunha, E. A. M., & Cascaes, V. M. (2013). Análise das Ocorrências de Afastamentos por Razões de Doença, Codificada no Grupo do CID 10, em Servidores Públicos Federais Submetidos à Perícia em Saúde na Unidade SIASS MAPA/SFA do Estado do Pará. Cognitio / Pós Graduação Unilins, 1(1).
Chiavenato, I. (2000). Recursos humanos na empresa. Atlas.
Davezies, P. (1999). Évolution des organisations du travail et atteintes à la santé. La Revue de L’aftim: Securitee et Medecine Du Travail, 127, 4–18.
Decreto no 6.833, de 29 de abril de 2009. (2009). Dispõe sobre o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal-SIASS e o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do Servidor. Diário Oficial Da União. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC 6.833-2009?OpenDocument
Dejours, C. (1996). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In J. F. Chanlat & O. L. S. Torres (Eds.) O indivíduo na organização: dimensões esquecidas (Vol. 1, pp. 149–173). Atlas.
Dejours, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, 14(3), 27–34.
Dejours, C. (2007). Psicodinâmica do trabalho na pós-modernidade. In A. M. Mendes, S. C. C. Lima, & E. P. Facas (Eds.), Diálogos em psicodinâmica do trabalho. (pp. 13–26). Paralelo 15.
Dejours, C. (2008). Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In S. Lancman & L. I. Sznelwar (Eds.), Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 47–103). Paralelo 15.
Dejours, C., Abdoucheli, E., & Jayet, C. (1994). Desejo ou motivação? A interrogação psicanalítica sobre o trabalho. In Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. Atlas.
Dejours, C., Abdoucheli, E., Jayet, C., Dejours, C., Abdoucheli, E., & Jayet, C. (1994). Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. (Maria Irenne Stocco Betiol (ed.)). Atlas.
Dejours, C., & Gernet, I. (2011). Trabalho, subjetividade e confiança. In L. I. Sznelwar, J. M. Leite, & W. P. Bruno (Eds.), Saúde dos bancários (pp. 33–42). Publisher Brasil/Editora Gráfica Atitude São Paulo.
Demyttenaere, K., Bruffaerts, R., Posada-Villa, J., Gasquet, I., Kovess, V., Lepine, J., Angermeyer, M. C., Bernert, S., Morosini, P., & Polidori, G. (2004). Prevalence, severity, and unmet need for treatment of mental disorders in the World Health Organization World Mental Health Surveys. Jama, 291(21), 2581–2590.
Falavigna, A. (2010). Prevalência e tendência temporal de afastamento do trabalho por transtornos mentais e do comportamento em enfermeiros de um hospital geral (1998-2008). Universidade Luterana do Brasil.
Ferreira, M. C., & Mendes, A. M. (2003). Trabalho e riscos de adoecimento: o caso dos auditores-fiscais da previdência. LPA Edições.
Figueiredo, J. M., & Alevato, H. M. R. (2012). O sofrimento no trabalho do servidor técnico-administrativo de uma IFES: uma breve reflexão. Congresso Nacional de Excelência Em Gestão., 20.
Fleury, A. R. D. (2015). O trabalho dos professores de uma instituição federal. In K. B. Macedo (Ed.), O diálogo que transforma: a clínica psicodinâmica do trabalho. PUC Goiás.
Freitas, L. G., Augusto, M. M., & Mendes, A. M. (2014). Vivências de prazer e sofrimento no trabalho de profissionais de uma fundação pública de pesquisa. Psicologia Em Revista, 20(1), 34–55.
Gehring Junior, G., Corrêa Filho, H. R., Vieira Neto, J. D., Ferreira, N. A., & Vieira, S. V. R. (2007). Absenteísmo-doença entre profissionais de enfermagem da rede básica do SUS Campinas. Revista Brasileira de Epidemiologia, 10, 401–409.
Gomes, J. O. (2015). Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) na UFCG e UFPB: estrutura, ações e desafios. XX Seminário de Pesquisa Do CCSA/UFRN, 4–8.
Guimarães, L. A. M., & Grubits, S. (2004). Série saúde mental e trabalho (Vol. 3). Casa do Psicólogo.
Hoefel, M. G., Dias, E. C., & Silva, J. M. (2005). A atenção à Saúde do Trabalhador no SUS: a proposta de constituição da RENAST. Trabalhar Sim, Adoecer Não, 3, 72–78.
Jacques, M. G. C., & Amazarray, M. R. (2006). Trabalho bancário e saúde mental no paradigma da excelência. Boletim Da Saúde, 20(1), 93–106.
Lei no 8.080, de 19 setembro de 1990. (1990). Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial Da União. http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080_190990.htm
Lima, M. D., Souza, A. S., & Lourenço, R. S. (2019). Trabalho, adoecimento e políticas públicas de saúde na educação: o caso dos docentes e técnicos administrativos do ifam e as demandas para a equipe multiprofissional e SIASS. Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais 2019, 16(1).
Machado, F. V., Dantas, E. L. B., & Barboza, E. L. G. (2020). A epidemiologia dos transtornos mentais dos professores do Instituto Federal do Tocantins e o uso da psicodinâmica do trabalho para sua análise e confrontação. In G. García, J. A. Nicoletti, F. V. Machado, & K. Barbosa (Eds.), Educación e inclusión Reflexiones de Brasil y Argentina (1st ed., p. 23).
Martins, A. C. A., & Oliveira, G. (2006). Trabalho: fonte de prazer e sofrimento e as práticas orientais. IPES, 12(03), 229–241.
Mendes, A. M. (2007). Pesquisa em psicodinâmica: a clínica do trabalho. In A. M. Mendes (Ed.), Psicodinâmica do trabalho: teoria, métodos e pesquisas (pp. 65–87). Casa do Psicólogo São Paulo.
Mendes, A. M., & Morrone, C. F. (2002). Vivências de prazer-sofrimento e saúde psíquica no trabalho: trajetória conceitual e empírica. In A. M. Mendes, L. O. Borges & M. C. Ferreira (Eds.), Trabalho em transição, saúde em risco (pp. 26–42). Universidade Federal de Brasília.
Minayo, M. C. S., & Minayo-Gómez, C. (2003). Difíceis e possíveis relações entre métodos quantitativos e qualitativos nos estudos de problemas de saúde. In P. Goldenberg, R. M. G. Marsiglia, & M. H. A. Gomes (Eds.), O Clássico e o Novo (p. 117). Fiocruz.
Minayo, M. C. S., & Sanches, O. (1993). Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, 9(3), 237–248.
Ministério da Saúde do Brasil, & Organização Pan Americana de Saúde. (2001). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde (Issue 114). Ministério da Saúde.
Nunes, A. V. L., & Lins, S. L. B. (2009). Servidores públicos federais: uma análise do prazer e sofrimento no trabalho. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 9(1), 51–67.
Oficina Internacional del Trabajo (OIT). (1991). Oficina Internacional del Trabajo (OIT). In Enciclopedia de salud, seguridad e higiene en el trabajo.
Oliveira, L. A., Baldaçara, L. R., & Maia, M. Z. B. (2015). Afastamentos por transtornos mentais entre servidores públicos federais no Tocantins. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 40(132), 156–169.
Oliveira, T. C. (2019). Perfis de Adoecimento mental dos servidores públicos federais assistidos pelo SIASS IFGoiano/IFG. Tecnia, 4(1), 52–64.
Santi, D. B., Barbieri, A. R. & Cheade, M. F. M. (2018). Absenteísmo-doença no serviço público brasileiro: uma revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Medicina Do Trabalho, 16(1), 71–81.
Schlindwein, V. L. D. C. & Morais, P. R. (2014). Prevalência de transtornos mentais e comportamentais nas instituições públicas federais de Rondônia. Cadernos de Psicologia Social Do Trabalho, 17(1), 117–127.
Segnini, L. R. P. (1999). Reestruturação nos bancos no Brasil: desemprego, subcontratação e intensificação do trabalho. Educação & Sociedade, 20(67), 183–209.
Seligmann, E. S. (2010). Saúde mental no trabalho contemporâneo. Anais Do 9o Congresso Internacional de Stress Da ISMA-BR.
Sennett, R. (2008). A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. (13th ed., Vol. 1). Record.
Silva, M. A. C., Licorio, A. M. O., & Siena, O. (2015). Pressupostos legais à promoção da saúde do servidor público federal. Revista de Administração e Negócios Da Amazônia, 6(3), 89–108. http://200.129.142.19/index.php/rara/article/view/1171
Teixeira, S. (2007). A depressão no meio ambiente do trabalho e sua caracterização como doença do trabalho. Revista Do Tribunal Regional Do Trabalho 3a Região, 46(27–44).
Vieira, I., & Jardim, S. R. (2010). Burnout reações de estresse. In D. M. R. Glina & L. E. Rocha (Eds.), Saúde mental no trabalho: da teoria à prática. Roca.
Woleck, A. (2002). O trabalho, a ocupação e o emprego: uma perspectiva histórica. Revista de Divulgação Técnico-Científica Do Instituto Catarinense de Pós-Graduação, 1, 33–39.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais dos artigos publicados pela Revista Trabalho EnCena permanecem propriedade dos autores, que cedem o direito de primeira publicação à revista. Os autores devem reconhecer a revista em publicações posteriores do manuscrito. O conteúdo da Revista Trabalho EnCena está sob a Licença Creative Commons de publicação em Acesso Aberto. É de responsabilidade dos autores não ter a duplicação de publicação ou tradução de artigo já publicado em outro periódico ou como capítulo de livro. A Revista Trabalho EnCena não aceita submissões que estejam tramitando em outra Revista. A Revista Trabalho EnCena exige contribuições significativas na concepção e/ou desenvolvimento da pesquisa e/ou redação do manuscrito e obrigatoriamente na revisão e aprovação da versão final. Independente da contribuição, todos os autores são igualmente responsáveis pelo artigo.