PRÁTICAS SOCIAIS DAS FAMÍLIAS PARTICIPANTES DA OFICINA DE PARENTALIDADE: DEBATES INICIAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.2359-0106.2024.v11n1.p35-59

Palavras-chave:

divórcio, oficina de parentalidade, práticas sociais

Resumo

O presente artigo buscou analisar as práticas sociais, desenvolvidas pelas famílias participantes da oficina de parentalidade, oferecida pelo CEJUSC, da Comarca de Viçosa-MG, baseando-se na concepção teórica de Pierre Bourdieu e Anthony Giddens. Metodologicamente, o estudo fez uso da entrevista semiestruturada, aplicada junto à cinco participantes da oficina, além de pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo de Bardin. Os resultados apontaram que a amostra foi composta por pessoas do sexo feminino, com filhos na faixa etária de 1 a 12 anos, que, em geral, não voltaram a se relacionar conjugalmente. Além disso, 60% das mulheres entrevistadas não cursaram o ensino superior e residiam, majoritariamente, com seus filhos, estando seus projetos de vida direcionados à estabilidade e bem-estar dos filhos. Quanto aos motivos e consequências da dissolução das conjugalidades, os dados evidenciaram que, em que pese a consciência quanto aos problemas do relacionamento, elas experienciaram sentimentos de luto pós-separação, com consequências emocionais e financeiras. Conclui-se que, as práticas sociais das mulheres entrevistadas foram diretamente influenciadas por fatores socioculturais, econômicos e individuais, refletindo na maneira como estavam enfrentando a reorganização familiar, persistindo os desafios e desigualdades de gênero. Todos esses fatores demonstram o peso das estruturas sociais no comportamento familiar, bem como a importância da oficina de parentalidade, como instrumento de apoio na atenuação dos conflitos e reorganização familiar.

Biografia do Autor

Kátia Roberta Portes Silva Raposo, Universidade Federal de Viçosa

Mestranda em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa, com concentração em Família, Espaço e Sociedade. Especialista em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG (2017). Graduada em Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa (2014). Mediadora e Conciliadora pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes - EJEF e Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos - NUPEMEC. Expositora em Oficinas de Divórcio e Parentalidade pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ. Faz parte do Grupo de Pesquisa Famílias, Políticas Públicas, Desenvolvimento Humano e Social - UFV.

Maria das Dores Saraiva de Loreto, Universidade Federal de Viçosa

Possui graduação em Economia Doméstica e em Ciências Econômicas, bem como Mestrado e Doutorado em Economia Rural, pela Universidade Federal de Viçosa, além de Pós-doutorado em Família e Meio Ambiente pela University of Guelph-Canadá. Foi admitida na Universidade Federal de Viçosa em 1991, sendo atualmente enquadrada como Professora Titular do Dept de Economia Doméstica (DED). Atuou, durante cinco anos, como Pesquisadora na Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária (EMCAPA-ES) e, por um período de sete anos, como docente do Instituto Universitário de Tecnologia de los Llanos-Venezuela. É Pesquisadora Nível 2 do CNPq e faz parte da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Economia Doméstica. Possui experiência nas áreas de Economia Familiar, Teoria Econômica, Família e Políticas Públicas. É Líder do Grupo de Pesquisa "Famílias, Políticas Públicas, Desenvolvimento Humano e Social", atuando nas seguintes áreas de pesquisa: Estudos e Avaliação de Políticas Públicas, Programas e Projetos Socioambientais; Famílias, Redes Sociais e Qualidade de Vida; Relações de Gênero, Conflitos e Violência; Cotidiano,Trabalho e Consumo; Mulher, Crianças, Adolescentes e Idosos: Trajetórias, Condições de Vida e Percepções; Desenvolvimento, Meio Ambiente e Sustentabilidade.

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Publicado

2024-07-06

Como Citar

Portes Silva Raposo, K. R., & Saraiva de Loreto, M. das D. (2024). PRÁTICAS SOCIAIS DAS FAMÍLIAS PARTICIPANTES DA OFICINA DE PARENTALIDADE: DEBATES INICIAIS. Revista Vertentes Do Direito, 11(1), 35–59. https://doi.org/10.20873/uft.2359-0106.2024.v11n1.p35-59

Edição

Seção

Artigo Científico