Racismo estrutural e discurso antirracista em “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.4031Palavras-chave:
Literatura Afro-brasileira; Discurso antirracista; Racismo estrutural.Resumo
O negro nem sempre pôde exercer o seu lugar de fala e enunciar acerca de suas experiências no Brasil, as quais são demarcadas pelas práticas racistas de que é vítima. Nesse sentido, este artigo apresenta um estudo de como a literatura pode se configurar como espaço de denúncia das práticas discriminatórias e preconceituosas que têm a etnia como alvo. O objetivo é analisa a presença do racismo estrutural e do discurso antirracista no livro “O avesso da pele”, do escritor Jeferson Tenório, publicado em 2021. Para tanto, buscaremos subsídio nas discussões de Duarte (2008; 2011), Ianni (1988) e Proença Filho (2004) sobre a literatura afro-brasileira, de Foucault (2002; 2007; 2008) acerca do discurso como arma nas lutas dos sujeitos, nas teorias de Almeida (2019) sobre o racismo estrutural e de Ribeiro (2019a; 2019b), sobre as práticas antirracistas. Conclui-se que Tenório (2021) explora a temática afro-brasileira em sua obra, desnudando as relações étnico-raciais no Brasil, rechaçando a tese de democracia racial, ao demonstrar que os negros são interpelados nessa identidade pela violência perpetrada por empregadores, familiares ou por policiais. A violência policial é a principal forma de manifestação do racismo estrutural no livro. Ainda assim, o autor constrói um enredo no qual os personagens lançam mão de diferentes práticas antirracistas contra o racismo sistêmico.
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