Subjetividade verde: ficção e identidade em The overstory

Autores

  • Anderson Soares Gomes Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

identidade, natureza, ficção, Antropoceno

Resumo

Este artigo tem como objetivo investigar como o romance The overstory (2018), de Richard Powers, desafia a construção literária tradicional ao configurar em sua narrativa um senso de identidade a entes não-humanos – no caso específico da obra, árvores. O romance consiste de nove personagens em narrativas diversas, que geralmente se entrecruzam, tendo em comum a presença central de pelo menos uma árvore em cada história e a apresentação da complexa relação entre tais personagens e essas entidades vegetais. O presente trabalho será organizado considerando dois focos de análise, a partir do romance: primeiramente, o embaçamento da divisão entre os conceitos de natureza e cultura, tendo como base estudos ambientalistas contemporâneos; e em segundo lugar, a relação entre um discurso econômico desenvolvimentista e o colapso ambiental, especialmente diante da conjuntura da nova época geológica conhecida como Antropoceno. Sendo assim, esse artigo pretende mostrar que The overstory testa os limites da ideia de que apenas seres humanos são produtores de sentido, evidenciando que entes não-humanos também podem ser lidos como detentores de identidade.

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Publicado

2020-10-28

Como Citar

Gomes, A. S. (2020). Subjetividade verde: ficção e identidade em The overstory. Porto Das Letras, 6(4), 146–167. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/10369

Edição

Seção

Literaturas em Língua Inglesa: diversidades essenciais