Resistência e criatividade: o trabalho dos médicos do Programa Saúde da Família
Palavras-chave:
Trabalho, Resistência, Criatividade, Riscos PsicossociaisResumo
Este artigo discute o conceito de resistência, no contexto de trabalho de médicos do Programa Saúde da Família (PSF), no quadro do Sistema Único de Saúde (SUS), em Belo Horizonte, Brasil. Nossa abordagem teórica se baseou em Françoise Proust e Michel Foucault, além de autores associados às “clínicas do trabalho”. A análise das entrevistas com esses trabalhadores mostra que suas ações de resistência, tomadas como experiência de criatividade, liberdade e subjetivação, preservam sua condição de saúde, ante os riscos psicossociais a que estão expostos. Recusando uma gestão baseada na produtividade, mas incompatível com os princípios do SUS, esses médicos criam alternativas de cuidado que asseguram o funcionamento do PSF e o acesso universal, equânime e integral dos cidadãos à saúde.
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