Resistência e criatividade: o trabalho dos médicos do Programa Saúde da Família

Authors

  • Crisane Costa Rossetti PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) http://orcid.org/0000-0002-0786-5918
  • José Newton Garcia de Araújo Doutor em Psicologia pela Université Paris-Diderot (Paris 7), Professor dos programas de graduação e Pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas), bolsista PQ do CNPq. http://orcid.org/0000-0001-9648-9741

Keywords:

Trabalho, Resistência, Criatividade, Riscos Psicossociais

Abstract

Este artigo discute o conceito de resistência, no contexto de trabalho de médicos do Programa Saúde da Família (PSF), no quadro do Sistema Único de Saúde (SUS), em Belo Horizonte, Brasil. Nossa abordagem teórica se baseou em Françoise Proust e Michel Foucault, além de autores associados às “clínicas do trabalho”. A análise das entrevistas com esses trabalhadores mostra que suas ações de resistência, tomadas como experiência de criatividade, liberdade e subjetivação, preservam sua condição de saúde, ante os riscos psicossociais a que estão expostos. Recusando uma gestão baseada na produtividade, mas  incompatível com os princípios do SUS, esses médicos criam alternativas de cuidado que asseguram o funcionamento do PSF e o acesso universal, equânime e integral dos cidadãos à saúde. 

 

Author Biographies

Crisane Costa Rossetti, PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais)

Psicologa do Trabalho, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais; professora de psicologia e doutoranda pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC/Minas.

José Newton Garcia de Araújo, Doutor em Psicologia pela Université Paris-Diderot (Paris 7), Professor dos programas de graduação e Pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas), bolsista PQ do CNPq.

Doutor em Psicologia pela Université Paris-Diderot (Paris 7), Professor dos programas de graduação e Pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas), bolsista PQ do CNPq.

References

Antunes, R. (2010). Adeus ao trabalho? - ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade no mundo do trabalho. São Paulo: Cortez.

Arouca, S. (2003, setembro). Entrevista Sérgio Arouca [Entrevista concedida à revista Radis, da Fundação Oswaldo Cruz]. Trabalho, Educação e Saúde 1 (2), Retrieved in 06, 20, 2016, from http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462003000200010

Bampi, L. (2002). Governo, subjetivação e resistência em Foucault. Educação & Realidade. 27(1):127-150.

Brasil (2006). Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde.

Bravo, M. I. S. (2006). Política de saúde no Brasil. In Mota, A. E. et al. Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: OPAS: OMS: Ministério da Saúde.

Campos, G. W. S. (2007). O SUS entre a tradição dos Sistemas Nacionais e o modo liberal-privado para organizar o cuidado à saúde. Ciência e Saúde Coletiva, n°12 (sup),1865-1874.

Canguilhem, G. (2007). O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense.

Cohn, A. (2016, 11 de junho). A ofensiva raivosa no desmonte do SUS. Plataforma Política Social, Retrieved in 06, 28, 2016 from http://plataformapoliticasocial.com.br/artigo-15-a-ofensiva-raivosa-no-desmonte-do-sus/

Dejours, C. (2008). Addendum. In: Lancman, S. & Sznelwar, L.I. (Ed.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. (p. 49-106). Rio de Janeiro, R.J.: Fiocruz.

Efros, D. & Schwartz, Y. (2009). Résistances, transgressions et transformations : l'impossible invivable dans les situations de travail. Nouvelle Revue de Psychosociologie, nº 7, 33-48.

Farias, L. (2016a, 21 de fevereiro). Raio-x da saúde suplementar. Le Monde Diplomatique, Retrieved in 02, 26, 2016, from http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=3181

Farias, L. (2016b, 11 de agosto). Indústria da doença, lucro vertiginoso. Le Monde Diplomatique, Retrieved in 09, 19, 2016, from http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=2123

Fekete, M. C. (2000). A qualidade na prestação do cuidado em saúde. Brasil. Ministério da Saúde. Organização do cuidado a partir do problema: uma alternativa metodológica para atuação da equipe de saúde da família [Internet]. Brasília: OPAS, 51-7.

Ferreira Neto, J. L. & Araújo, J. N. G. (2014). Gestão e subjetividade no SUS: o enfrentamento de impasses em tempos neoliberais. Psicologia & Sociedade. 26 (3), 675-684.

Fleury, L. (2009) Affects et résistance: le cas « Wiesler » dans La vie des autres. Nouvelle Revue de Psychosociologie, nº 7, 49-70.

Foucault, M. (1995). O sujeito e o poder. In Rabinow, P. & Dreyfus, H. Michel Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica, (pp. 231-249). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Foucault, M. (1988). História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Ed Graal.

Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Aparecida, S.P.: Ideias & Letras.

Gaulejac, V. (2009). Gestion de crise ou crise de la gestion? Les cahiers psychologie politique [online], numéro 14, Retrieved in 04, 19, 2016, from

http://lodel.irevues.inist.fr/cahierspsychologiepolitique/index.php?id=329

Gaulejac, V. (2011). A NGP: a Nova Gestão Paradoxal. In Bendassolli & Soboll (Orgs). Clínicas do Trabalho: novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade. (pp 84-98). São Paulo: Atlas.

Lhuilier, D. & Roche, P. (2009). Introduction. Nouvelle Revue de Psychosociologie, nº 7, 7-18.

Lhuilier (2010). Les « risques psychosociaux » : entre rémanence et méconnaissance. Nouvelle Revue de Psychosociologie, n° 10, 11-28.

Lhuilier (2015). Puissance normative et créative de la vulnérabilité. Éducation Permanente, n° 202, 101-116.

Maciel Jr. A. (2013). Resistência e prática de si em Foucault. Retrieved in 05, 07, 2016 from http://www.uva.br/trivium/edicoes/edicao-i-ano-vi/artigos-tematicos/artigo-tematico-1.pdf

Menicucci, T. M. G. (maio-agosto, 2006). Implementação da Reforma Sanitária: a formação de uma política. Saúde e Sociedade, v.15, n.2, 72-87.

Merhy, E. E. (2004). O ato de cuidar: a alma dos serviços de saúde. Ver-SUS Brasil: caderno de textos, 108-137. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde.

Neffa, J. C. (2015). Los riesgos psicosociales en el trabajo: contribución a su estúdio. Buenos Aires: Universidad Metropolitana para la Educación y el Trabajo. Centro de Innovación para los Trabajadores. Libro digital, PDF

Paim, J. S. (2016, 21 de fevereiro). Seguridade Social, financiamento e crise do Sistema Único de Saúde. Plataforma Política Social. Retrieved in 05, 19, 2016 from

http://plataformapoliticasocial.com.br/seguridade-social-financiamento-e-crise-do-sistema-unico-de-saude-sus/

Proust, F. (1997). De la résistance. Paris: Éditions du Cerf.

Proust (2000). Introduction to De La résistance. Hypatia, v. 15, n° 4. 18-22.

Védrine, C. (2009). De la résistance désacralisante à la résistance à la désacralisation: le cas des ouvriers Michelin à Clermont-Ferrand. Nouvelle Revue de Psychosociologie, nº 7, 101-118.

Winnicott, D. W. (1975). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.

Revista Trabalho (En)Cena

Downloads

Published

2016-11-01

How to Cite

Rossetti, C. C., & de Araújo, J. N. G. (2016). Resistência e criatividade: o trabalho dos médicos do Programa Saúde da Família. Trabalho (En)Cena, 1(1), 117–131. Retrieved from https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/encena/article/view/2457

Issue

Vol. 1 No. 1 (2016): Revista Trabalho (En)Cena

Section

Artigo de Pesquisa

License

Os direitos autorais dos artigos publicados pela Revista Trabalho EnCena permanecem propriedade dos autores, que cedem o direito de primeira publicação à revista. Os autores devem reconhecer a revista em publicações posteriores do manuscrito. O conteúdo da Revista Trabalho EnCena está sob a Licença Creative Commons de publicação em Acesso Aberto. É de responsabilidade dos autores não ter a duplicação de publicação ou tradução de artigo já publicado em outro periódico ou como capítulo de livro. A Revista Trabalho EnCena não aceita submissões que estejam tramitando em outra Revista. A Revista Trabalho EnCena exige contribuições significativas na concepção e/ou desenvolvimento da pesquisa e/ou redação do manuscrito e obrigatoriamente na revisão e aprovação da versão final. Independente da contribuição, todos os autores são igualmente responsáveis pelo artigo.