Trabalho sexual de mulheres cisgênero: desafios e vivências
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e025024Keywords:
Trabalho sexual, Prostituição, Psicossociologia do trabalho, IRaMuTeQAbstract
Este estudo tem como objetivo analisar como o trabalho sexual de mulheres cisgênero vem sendo abordado em produções acadêmicas nos últimos cinco anos. Trata-se de uma revisão de literatura conduzida por meio de metanálise qualitativa, articulada a procedimentos cientométricos e ao uso do software Iramuteq, com aplicação da Classificação Hierárquica Descendente. Para a composição do corpus, foram adotados critérios pré-definidos de seleção das publicações, o que resultou em uma amostra final de 43 estudos. A interpretação dos resultados foi conduzida à luz da Psicossociologia do Trabalho, articulada à perspectiva interseccional de gênero, classe e raça. A análise do material revelou cinco classes principais de palavras, que, em termos gerais, evidenciam o esforço da comunidade científica em contribuir para a desestigmatização do trabalho sexual, valorizando as experiências e narrativas das próprias trabalhadoras. Embora ainda marcado por estigmas sociais e pela ausência de regulamentação legal, o grupo desenvolve estratégias de resistência e formas de organização coletiva, assumindo protagonismo na produção de saberes e na mobilização em defesa de direitos e do reconhecimento da atividade. Ressalta-se, por fim, a necessidade de ampliar investigações que incorporem suas vozes e perspectivas, fortalecendo os debates acadêmicos e políticos sobre direitos, cidadania e dignidade.
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