Trabalho sexual de mulheres cisgênero: desafios e vivências
DOI :
https://doi.org/10.20873/2526-1487e025024Mots-clés :
Trabalho sexual, Prostituição, Psicossociologia do trabalho, IRaMuTeQRésumé
Este estudo tem como objetivo analisar como o trabalho sexual de mulheres cisgênero vem sendo abordado em produções acadêmicas nos últimos cinco anos. Trata-se de uma revisão de literatura conduzida por meio de metanálise qualitativa, articulada a procedimentos cientométricos e ao uso do software Iramuteq, com aplicação da Classificação Hierárquica Descendente. Para a composição do corpus, foram adotados critérios pré-definidos de seleção das publicações, o que resultou em uma amostra final de 43 estudos. A interpretação dos resultados foi conduzida à luz da Psicossociologia do Trabalho, articulada à perspectiva interseccional de gênero, classe e raça. A análise do material revelou cinco classes principais de palavras, que, em termos gerais, evidenciam o esforço da comunidade científica em contribuir para a desestigmatização do trabalho sexual, valorizando as experiências e narrativas das próprias trabalhadoras. Embora ainda marcado por estigmas sociais e pela ausência de regulamentação legal, o grupo desenvolve estratégias de resistência e formas de organização coletiva, assumindo protagonismo na produção de saberes e na mobilização em defesa de direitos e do reconhecimento da atividade. Ressalta-se, por fim, a necessidade de ampliar investigações que incorporem suas vozes e perspectivas, fortalecendo os debates acadêmicos e políticos sobre direitos, cidadania e dignidade.
Références
Braga, L. P., Szwarcwald, C. L., Damacena, G. N. (2020). Caracterização de mulheres trabalhadoras do sexo em capitais brasileiras, 2016. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 29(4), 1-13. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000400002
Brasil, Ministério da Saúde. (2002). Campanha Profissionais do Sexo: Sem vergonha, garota. Você tem profissão. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. https://antigo.aids.gov.br/pt-br/campanha/campanha-profissionais-do-sexo-sem-vergonha-garota-voce-tem-profissao-2002
Brasil, Ministério do Trabalho. (2015). Código Brasileiro de Ocupações n° 5198-05 (Profissionais do sexo). https://www.ocupacoes.com.br/cbo-mte/5198-profissionais-do-sexo
Brito, N. S., Belém, J. M., Oliveira, T. M., Albuquerque, G. A., & Quirino, G. S. (2019).Cotidiano de trabalho e acesso aos serviços de saúde de mulheres profissionais do sexo. Rev Rene. 20, 1-8. https://doi.org/10.15253/2175-6783.20192033841
Brum, J. B., Cúnico, S. D., & Giongo, C. R. (2023). Vozes e algozes: ressonâncias e afetações no processo de pesquisa com prostitutas na perspectiva epistemológica feminista. Psicología, Conocimiento y Sociedad, 13(2), 77-99. https://revista.psico.edu.uy/index.php/revpsicologia/article/view/921
Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518. http://dx.doi.org/10.9788/TP2013.2-16.
Caminhas, L. (2020). A regulamentação da prostituição é uma demanda por justiça. revista brasileira de ciências sociais, 35(103), 1-18. https://doi.org/10.1590/3510310/2020
Caminhas, L. (2023). Os mercados erótico-sexuais em plataformas digitais: o caso brasileiro. Revista brasileira de ciências sociais. 38(111), 1-18. https://doi.org/10.1590/3811027/2023
Caude, J. (2022). Análise do trabalho de sexo (prostituição) praticado pelas mulheres na cidade municipal de lichinga e sua relação com HIV-SIDA. Estudos de Sociologia, 01(28), 38-70. https://doi.org/10.51359/2317-5427.2022.255831
Cepellos, V. (2021). Feminização do envelhecimento: um fenômeno multifacetado muito além dos números. RAE, 61(2), 1-7. https://doi.org/10.1590/S0034-759020210208
Clarindo, A., Zamboni, J., Martins, M. (2021). Entre fantasmas da puta e a regulamentação da prostituição: modos de vida e trabalhadoras sexuais. Peridicus, 16(3), 01-22. https://doi.org/10.9771/peri.v3i16.35728
Codognoto, L. (2022). Cartografias Existenciais de Mulheres na Prostituição. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais – RBHCS, 14 (29), 102-119. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v14i29.14054
Collins, P., Bilge, S. (2020). Interseccionalidade. Boitempo.
Couto, P. L., Ferreira, L. C., Gomes, A. M., Oliveira, D. C., Pereira, S. S., Vilela, A. B., Porcino, C., & Nogueira, V. P. (2022). Sentidos da qualidade de vida para trabalhadoras sexuais: estrutura das representações sociais. Acta Paul Enferm., 35, 1-8. http://dx.doi.org/10.37689/acta-ape/2022AO009866
Couto, P. L. S., Neves, M. L. P., França, L. C. M., Gomes A. M. T., Pereira, S. S. C., Vilela, A. B. A., Silva, D. O., & Marques, S. C. (2023a) Qualidade vida na perspectiva de mulheres no exercício do trabalho sexual: estudo de representações sociais. Rev Bras Enferm, 76 (2), 1-8. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2022-0169pt
Couto, P. L., Rodrigues, V. P., Boery, R. N., Correia, A. T., & Vilela, A. B. (2023b). Autocuidado na perspectiva de trabalhadoras sexuais para prevenção e enfrentamento à pandemia do SARS-CoV-2. Ciência & Saúde Coletiva, 28(1), 291-301. https://doi.org/10.1590/1413-81232023281.10192022
Csalog, R. A. (2021). Mulheres (in)visíveis: prostituição, trabalho e migrações nas ruas de Lisboa. E-cadernos CES [Online], 35, 163-181. https://doi.org/10.4000/eces.6394
Figueiredo, A. C. P. (2021). Sexo é só para quem pode pagar: um diálogo com o cotidiano da prostituição no pará. Nova revista amazônica, 9(02), 105-121. http://dx.doi.org/10.18542/nra.v9i2.10673
Freitas, M. E., Ribeiro, L. S., Guimarães. S. S., Martins, L. F., & Chinelato, R.(2020). Fatores biopsicossociais na história de vida de mulheres profissionais do sexo. Psicologia em pesquisa, 14 (2), 152-178. https://doi.org/10.34019/1982-1247.2020.v14.27385
Giddens, A. (1991). As consequências da modernidade. Ed. UNESP.
Giddens, A. (1993) A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. Ed. UNESP.
Goés, J. (2021). O que promove a participação política? um estudo de caso com as prostitutas da rua guaicurus. Política & Sociedade, 20 (47), 211-243. https://doi.org/10.5007/2175-7984.2021.e65120
Guerra, C. B. (2019). “Mulher da Vida, É Preciso Falar”: um estudo do movimento organizado de trabalhadoras sexuais [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Campinas.
Hirata, H. (2011). Tendências recentes da precarização social e do trabalho: Brasil, França, Japão. Caderno CRH, 24(1), 15-22. https://doi.org/10.1590/S0103-49792011000400002
Kolling, A. F., Oliveira, S. B., & Merchan-Hamann, E. (2021). Fatores associados ao conhecimento e utilização de estratégias de prevenção do HIV entre mulheres trabalhadoras do sexo em 12 cidades brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva, 26(8), 3053-3064,. https://doi.org/10.1590/1413-81232021268.17502020
Leal, C. B. M., Porto, A.O., Ribeiro, M.S., Oliveira, K. N., Souza, D. A., & Rios, M. A. (2019). Aspectos associados à qualidade de vida das profissionais do sexo. Rev enferm UFPE online., 13(3),560-568, https://doi.org/10.5205/1981-8963-v13i3a236608p560-568-2019
Lhuilier, D. (2012). A invisibilidade do trabalho real e a opacidade das relações saúde-trabalho. Trabalho & Educação, 21(1), 13–38.
Lhuilier, D. (2013). Trabalho. Psicologia & Sociedade, 25(3), 483-492. https://doi.org/10.1590/S0102-71822013000300002
Lhuilier, D. (2014). Introdução à psicossociologia do trabalho. Cad. Psicol. Soc. Trab., 17(1), 5-19. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v17ispe1p5-19
Lira, K. (2021). Gênero, sexualidade e regionalidade: Problematizando o trabalho sexual no sertão nordestino. Teoria e cultura, 16(1). https://doi.org/10.34019/2318-101X.2021.v16.30220
Lopes, A. L. M., & Fracolli, L. A. (2008). Revisão sistemática de literatura e metassíntese qualitativa: considerações sobre sua aplicação na pesquisa em enfermagem. Texto & Contexto - Enfermagem, 17(4), 771-778. https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400020
Lopes, N. (2021). Sentidos e fantasias sobre o “luxo” na prostituição de “alto escalão” carioca. Rev. antropol., 64(3), 1-20 .https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189656
Magalhães, R.L., Sousa, L.R., Gir, E., Galvão, M.T., Oliveira, V.M., & Reis, R.K. (2019). Fatores associados ao uso inconsistente do preservativo entre trabalhadoras do sexo. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 27, 1-7. http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2951.3226
Matos, C. S., Vasconcelos, J. G., & Sucupira, T. G. (2020). Educação informal, práticas educativas e prostituição. Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar, 16(6), 95-110. https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RECEI/article/view/1609
Miller-Young, M. (2010). Putting Hypersexuality to Work: Black Women and Illicit Eroticism in Pornography. Sexualities, 13(2), 219-235. https://doi.org/10.1177/1363460709359229
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. (2024). Política de propriedade intelectual das instituições científicas, tecnológicas e de inovação do Brasil: relatório FORMICT ano-base 2020.
Paiva, K. C., Pereira, J. R., Guimarães, L. R., Barbosa, J. K., & Sousa, C. V.(2020). Mulheres de vida fácil? tempo, prazer e sofrimento no trabalho de prostitutas. RAE, 60 (3), 208-221. https://doi.org/10.1590/S0034-759020200304
Patrício, A.C., Bezerra, V.P., Nogueira, J.A., Moreira, M.A., Camargo, B.V., & Santos J. S. (2019). Conhecimento de profissionais do sexo sobre HIV/Aids e influência nas práticas sexuais. Rev Bras Enferm, 72(5), 1311-7. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0590.
Prada, M. (2018). Putafeminista. São Paulo: Veneta.
Ramalho, N. (2025). Camgirls: Afetos, raça e classe [Dissertação: Universidade Estadual de Campinas]. Repositório Unicamp. https://hdl.handle.net/20.500.12733/33761
Santos, O. P., Ramalho, R. C., Oliveira, C. F., Lima, R.C., Arantes, A. A., & Filho, I. M. (2019). Perfil sociodemográfico e avaliação do conhecimento das profissionais do sexo acerca das ist´s em um municipio na região metropolitana de goiânia - GO. Rev Inic Cient Ext., 2(2), 81-8.
Sawaia, B. (1999). As artimanhas da exclusão. Petrópolis: Vozes.
Sawaia, B. (2009). Psicologia e desigualdade social: uma reflexão sobre liberdade e transformação social. Psicologia & Sociedade, 21(3), 364-372. https://doi.org/10.1590/S0102-71822009000300010
Silva, F. P. A., & Costa, L. A. F. (2019). A batalha: construção de saberes de mulheres que exercem a prostituição em salvador-bahia. R. Inter. Interdisc. INTERthesis, 16(3), 114-133. https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n3p114
Silva, G. P., & Almeida, L. P. (2019). Mulheres Donas de Seus Destinos: a constituição do sujeito enquanto mulher profissional do sexo. TraHs, 6, 80-96. https://doi.org/10.25965/trahs.1866
Sousa, R. P., & Junior, G. A. (2019) Observando o cotidiano de mulheres prostitutas num contexto urbano relacionado a vida social. Rev. Psicol Saúde e Debate, 5(2), 52-67. https://doi.org/10.22289/2446-922X.V5N2A4
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Ayza Luzia Vieira Lins, Thaís Augusta Cunha de Oliveira Máximo, Tatiana de Lucena Torres 2025

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale 4.0 International.
Os direitos autorais dos artigos publicados pela Revista Trabalho EnCena permanecem propriedade dos autores, que cedem o direito de primeira publicação à revista. Os autores devem reconhecer a revista em publicações posteriores do manuscrito. O conteúdo da Revista Trabalho EnCena está sob a Licença Creative Commons de publicação em Acesso Aberto. É de responsabilidade dos autores não ter a duplicação de publicação ou tradução de artigo já publicado em outro periódico ou como capítulo de livro. A Revista Trabalho EnCena não aceita submissões que estejam tramitando em outra Revista. A Revista Trabalho EnCena exige contribuições significativas na concepção e/ou desenvolvimento da pesquisa e/ou redação do manuscrito e obrigatoriamente na revisão e aprovação da versão final. Independente da contribuição, todos os autores são igualmente responsáveis pelo artigo.


