ENEIDA MARIA DE SOUZA E O SABOR DO ARQUIVO

Résumé

Neste breve depoimento sobre uma mestra e amiga inestimável, Eneida Maria de Souza (1943-2022), quero destacar um aspecto fundamental de sua atuação em prol do avanço e consolidação do campo dos estudos literários no contexto tanto brasileiro quanto latino-americano, particularmente no âmbito da teoria e do comparatismo literários. Aspecto relacionado ao apreço e entusiasmo que Eneida demonstrava pelo trabalho e a pesquisa em arquivos literários e culturais. Ela era dotada de um gosto refinado na exploração dos diferentes documentos e materiais de pesquisa disponíveis nos arquivos, especialmente os literários – uma mescla de biblioteca, museu e arquivo. Gosto que alimentava sua elaboração de “pontes metafóricas” a fim de pensar a heterogeneidade de nossa produção artística e cultural. De fato, Eneida possuía raro domínio do sabor do arquivo, incrementado pelos temperos que ela era capaz de extrair dos vários saberes que por ele transitam – seja os saberes próprios do campo dos estudos literários e culturais, seja os de áreas afins, como os da filosofia, antropologia, psicanálise, história, sociologia.