Pedagogia do medo, desaparecimento e testemunho em Sobre o que não falamos, de Ana Cristina Braga Martes
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.4021Palavras-chave:
literatura e ditadura, ditadura civil-militar, testemunho, pedagogia do medo, desaparecimentoResumo
Este trabalho tem por objetivo analisar o romance Sobre o que não falamos (2023), de Ana Martins Braga Martes, a partir de três eixos temáticos: a pedagogia do medo, o desaparecimento e o testemunho. A narrativa aborda a infância de uma sobrevivente da ditadura que precisa lidar com a memória de seus pais e resgatar a própria história, que é silenciada pelos avós, com quem vive. Através da passagem entre a infância e a adolescência, a narradora-protagonista Clara assume a responsabilidade de narrar sua versão e oferecer um contraponto à versão oficial da história, escrita pelos agentes do poder ditatorial. Para isso, ouve os vizinhos, que narram outras versões sobre o que ocorreu com seus pais. Para a análise, entre os conceitos abordados, estão os agentes do poder e o desaparecimento, de Pilar Calveiro (2013) e o testemunho, de Márcio Seligmann-Silva (2003, 2023). Como conclusão, o romance oferece uma elaboração literária a respeito do silêncio institucional da coletividade, que faz parte de um projeto de políticas de apagamento e esquecimento para que os culpados não sejam devidamente responsabilizados.
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