O APAGAMENTO DO SENTIDO JORNALÍSTICO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA PELA INDIVIDUAÇÃO: “Obrigado por suas informações!”

Autores

  • Sean Aquere Hagen UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2019v5n6p352

Palavras-chave:

Telejornais, Construção coletiva, Personalização de jornalistas, Rede Globo

Resumo

A personalização dos jornalistas nas entradas “ao vivo” em oposição ao sentido de jornalismo como construção coletiva está passando por um processo de naturalização nos telejornais da Rede Globo. Esta é uma postura conflitante com as finalidades do campo: amplifica o poder político creditado ao jornalismo ao personalizar, via enunciação, ações cotidianas intrínsecas da profissão; isso intensifica a credibilidade de empresas, jornais e jornalistas. Os pronomes possessivos, as conjugações verbais na primeira pessoa do singular e o adjetivo “obrigado” são as principais manifestações dessa prática, que vem crescendo nos últimos anos. Para desvelar esses sentidos, a amostragem qualitativa recaiu sobre o Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo.

 

PALAVRAS-CHAVE: Telejornais; Construção coletiva; Personalização de jornalistas; Rede Globo.

 

ABSTRACT

The personalization of journalists in the “live” entries as opposed to the sense of journalism as a collective construction is undergoing a process of naturalization on Rede Globo newscasts. This posture conflicts with the purposes of the field: it amplifies the political power credited to journalism by personalizing, via enunciation, daily actions intrinsic to the profession to intensify the credibility that differentiates companies, newspapers and journalists. Possessive pronouns, verbal conjugations in the first person singular and the adjective "thank you" are the main manifestations of this practice, which has been growing in recent years. To unveil these meanings, the qualitative sampling fell on Jornal Hoje, Jornal Nacional and Jornal da Globo.

 

KEYWORDS: Newscast; Collective construction; Personalization of journalists; Rede Globo.

 

 

RESUMEN

La personalización de los periodistas en las entradas "en vivo" en oposición al sentido del periodismo como construcción colectiva está pasando por un proceso de naturalización en los telediarios de la Rede Globo. Esta postura entra en conflicto con los propósitos del campo: amplifica el poder político acreditado al periodismo al personalizar, a través de la enunciación, acciones cotidianas intrínsecas a la profesión; esto intensifica la credibilidad de las empresas, los periódicos y los periodistas. Los pronombres posesivos, las conjugaciones verbales en primera persona singular y el adjetivo "gracias" son las principales manifestaciones de esta práctica, que ha ido creciendo en los últimos años. Para desvelar estos significados, el muestreo cualitativo se realizó en el Jornal Hoje, el Jornal Nacional y el Jornal da Globo.

 

PALABRAS CLAVE: Telediarios; Construcción colectiva; Personalización de periodistas; Rede Globo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sean Aquere Hagen, UFRGS

Graduação em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda - UFRGS, Mestrado em Comunicação - UFRGS e Doutorado em Comunicação - UFRGS.

Referências

BENETTI, Marcia. O jornalismo como gênero discursivo. Galáxia, São Paulo, n. 15, p. 13-28, jun. 2008.

BENETTI, Marcia; FREITAS, Camila. A fenomenologia da memória e o “homem capaz” do jornalismo. Conexão, UCS, V. 14, N. 28, jul./dez. 2015. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conexao/article/view/3862/2337>.

BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 35. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

CORNU, Daniel. Ética da informação. Bauru: EDUSC, 1998.

CUNHA, Celso Ferreira da; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001.

ESTADÃO Esportes. Globo compra direitos de transmissão da Olimpíada até 2032. http://esportes.estadao.com.br/noticias/jogos-olimpicos,globo-compra-direitos-de-transmissao-dos-jogos-olimpicos-ate-2032,1809810. Acesso jan.19.

FECHINE, Yvana. Televisão e presença: uma abordagem semiótica da transmissão direta. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008.

GADRET, Débora T. O. L. A Emoção na reportagem de televisão: as qualidades estéticas e a organização do enquadramento. Tese – FABICO, UFRGS, Poa, 2016.

GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Tchê, 1987.

HAGEN, Sean. O casal 20 do telejornalismo e o mito da perfeição: como a mídia constrói a imagem dos apresentadores Fátima Bernardes e William Bonner. Dissertação – FABICO, UFRGS, Porto Alegre, 2004.

LAPLATINE, Fronçois; TRINDADE, Liana. O que é imaginário. Coleção Primeiros Passos, 309. São Paulo: Brasiliense, 2003.

LAUAND, Luiz Jean. Antropologia e formas quotidianas: a filosofia de Tomás de Aquino subjacente a nossa linguagem quotidiana. USP, v. 1, n. 1, p. 1998.

LISBOA, Silvia Saraiva de Macedo. Jornalismo e a credibilidade percebida pelo leitor: independência, imparcialidade, honestidade, objetividade e coerência. Dissertação – FABICO, UFRGS, Porto Alegre, 2012.

MORETZSOHN, Sylvia Debossan. Repórter no volante: o papel dos motoristas de jornal na produção de notícias. PubliFolha. São Paulo: Três Estrelas, 2013.

MOURA NEVES, Maria Helena de. Os pronomes. In: Rodolfo Ilari; Maria Helena de Moura Neves. (Orgs.). Gramática do Português Culto Falado no Brasil. 1. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

ORLANDI, Eni. Análise do discurso: princípios e procedimentos. 3. ed. Campinas: Pontes, 2001.

ORLANDI, Eni. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: Ed. da Unicamp, 1992.

PÊCHEUX, Michel; FUCHS, Catherine. A propósito da Análise Automática do Discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, Françoise; HAK, Tony (orgs.). Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Unicamp, 1990.

PEDROSO, Rosa Nívea. Elementos para compreender o jornalismo informativo. Sala de Prensa. N. 51, Vol.2, Ano IV, jan. 2003.

PINTO, Manuel. Fontes jornalísticas: contributos para o mapeamento do campo. Comunicação e Sociedade 2, Vol. 14 (1-2). Braga: Universidade do Minho, 2000.

REGINATO, Gisele Dotto. As finalidades do jornalismo: o que dizem veículos, jornalistas e leitores. Tese – FABICO, UFRGS, Porto Alegre, 2016.

RESENDE, Fernando. O Jornalismo e suas Narrativas: as Brechas do Discurso e as Possibilidades do Encontro. Galáxia, São Paulo, n. 18, p.31-43, dez. 2009.

RODRIGUES, Sérgio. Por que dizemos “obrigado” quando agradecemos? Disponível em:<http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/por-que-dizemos-obrigado-quando-agradecemos/>. Acesso em nov. 2018.

TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2001.

TÜRCKE, Chirstoph. Sociedade Excitada: filosofia da sensação. Campinas: Editora da Unicamp, 2011.

WHINDERSSON Nunes e outros: as 5 estrelas do YouTube com mais seguidores no mundo. BBC. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42740339 >. Acesso em jan.2019.

Downloads

Publicado

2019-10-01

Como Citar

HAGEN, Sean Aquere. O APAGAMENTO DO SENTIDO JORNALÍSTICO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA PELA INDIVIDUAÇÃO: “Obrigado por suas informações!”. Revista Observatório , [S. l.], v. 5, n. 6, p. 352–379, 2019. DOI: 10.20873/uft.2447-4266.2019v5n6p352. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/7380. Acesso em: 24 abr. 2024.