O Desamparo no Campo do Angustiante e o Trabalho dos Fiscais da Vigilância em Saúde do Trabalhador em uma Unidade Federativa do Brasil

Autores

  • Danniella Davidson Castro Secretaria de Estado da Saúde de Goiás-SES/Universidade de Brasília -UNB
  • Laura Gomes Oliveira Universidade de Brasília (UnB)
  • Emílio Peres Facas Universidade de Brasília (UnB)

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e024020

Palavras-chave:

Vigilância em Saúde do Trabalhador, fiscal, trabalho, desamparo, psicanálise

Resumo

A pesquisa teve como objetivo analisar como o desamparo se manifesta no discurso de fiscais de Vigilância em Saúde do trabalhador do Estado de Goiás sobre seu trabalho. Os objetivos específicos foram caracterizar a organização do trabalho destes trabalhadores, identificar as estratégias utilizadas pelos trabalhadores para lidarem com as dificuldades no seu cotidiano, descrever as vivências de desamparo suscitadas pelo trabalho e identificar os riscos relacionados ao trabalho. Procurou-se mapear e compreender quais os limites, desafios, possibilidades, atravessamentos ideológicos, políticos e interferências da gestão a que o fiscal de Vigilância em Saúde do Trabalhador está exposto ao ser chamado a intervir nos ambientes e processos de trabalho de empresas alvo de ações fiscais. Foram realizadas treze entrevistas com trabalhadores que atuam ou atuaram como fiscais de Vigilância em Saúde do Trabalhador. As narrativas testemunhais sobre o trabalho foram submetidas à Análise do Discurso. Evidenciando-se o desamparo no trabalho dos fiscais, composto pelos acidentes, ameaças e violências, a precarização das condições, ampliada pela insuficiência de pessoal, a fragilidade da atuação e pelas interferências políticas no trabalho, as manifestações sintomáticas, a percepção de valor da sociedade sobre o trabalho da Vigilância e as estratégias dos trabalhadores para lidar com essas adversidades.

Biografia do Autor

Danniella Davidson Castro, Secretaria de Estado da Saúde de Goiás-SES/Universidade de Brasília -UNB

Secretaria de Estado da Saúde de Goiás/Goiânia, Goiás, Brasil.

Laura Gomes Oliveira, Universidade de Brasília (UnB)

Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações/Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Emílio Peres Facas, Universidade de Brasília (UnB)

Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho/Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Referências

Agamben, G. (2008). O que resta de Auschwitz: O arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). Boitempo.

Almeida, M. M. C. (2012). Um olhar sobre a Vigilância em Saúde do Trabalhador: A dinâmica entre o saber e o fazer no município do Rio de Janeiro. Fiocruz.

Althusser, L. (1987). Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Presença.

Amorim, M. (2004). O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. Musa.

Antunes, R. (2018). O privilégio da servidão: O novo proletariado de serviços na era digital. Boitempo.

Bakthin, M. (2020). Estética da criação verbal (5a. ed.). Martins Fontes.

Bardin, L. (1997). Análise de conteúdo. Edições 70.

Bendassolli, P. F. (2009). Psicologia e trabalho: Apropriações e significados. Cengage Learning.

Benjamin, W. (2012). Magia e técnica, arte e política: Ensaios sobre literatura e história da cultura (Obras escolhidas, vol. 1, 2a. ed.). Editora Brasiliense.

Berlinck, M. T. (2000). Psicopatologia fundamental. Escuta.

Braunstein, N. (2007). Gozo. Escuta.

Cardoso, E. M. (2014). Análise conjuntural da Vigilância em Saúde do Trabalhador no Estado do Amazonas. Fiocruz.

Ceccarelli, P. R. (2001). Entrevista com Pierre Fèdida. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 4(1), 168-174. https://doi.org/10.1590/1415-47142001001015

Chauí, M. (2004). O que é ideologia? Braziliense.

Chemama, R. (1995). Dicionário de psicanálise. Artes Médicas.

Courtine, J. J. (1982). Définition d’órientations théoriques el construction de procedures en analyse du discours. Revue Philosophiques, 9(2).

Cruxên, O. (2004). A sublimação: Psicanálise passo-a-passo. Jorge Zahar.

Dias, E. C., & Hoefel, M. G. (2005). O desafio de implementar as ações de saúde do trabalhador no SUS: A estratégia da RENAST. Ciência e Saúde Coletiva, 10(4), 817-828. https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000400007

Dunker, C. I. L., Paulon, C. P., & Ramos, J. G. (2016). Análise psicanalítica de discursos: Perspectivas lacanianas. Estação das Letras e Cores.

Endo, P. C. (2022). Psicanálise: Confins: Memória, política e sujeites sem direitos. Blücher.

Facas, E. P. (2013). Protocolo de avaliação dos riscos psicossociais no trabalho: Contribuições da psicodinâmica do trabalho [Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, Brasília]. UnB.

Facas, E. P., & Ghizoni, L. D. (2017). Trabalho como estruturante psíquico e sociopolítico em tempos de hipermodernidade. Trabalho (En)Cena, 2(2), 1–2. https://doi.org/10.20873/2526-1487V2N2P1

Fèdida, P. (1990). Depressão. Escuta.

Fink, B. (1998). O sujeito lacaniano: Entre a linguagem e o gozo. Zahar.

Fundação Osvaldo Cruz (2018). Manual técnico do curso básico de vigilância em saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde.

Foucault, M. (1992/2018). O que é um autor? Nova Vega.

Foucault, M. (2013). Vigiar e punir: O nascimento da prisão. Vozes.

Freud, S. (1926). Inibições, sintomas e angústia. Em S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (vol. 20). Imago.

Freud, S. (1996). O Estranho. Em S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (vol. 17, pp. 233-274). Imago.

Gadet, F., & Pêcheux, M. (2004). A língua inatingível. Pontes.

Henry, P. (2013). A ferramenta imperfeita: Língua, sujeito e discurso. Unicamp.

Jaspers, K. (1913). Psicopatologia geral. Atheneu.

Lacan, J. (1959/1960). O seminário livro 7: A ética da psicanálise. Zahar.

Lacan, J. (1964). O Seminário livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise. Zahar.

Laplanche, J., & Pontalis, J. B. (2001). Vocabulário de psicanálise. Martins Fontes.

Lara Júnior, N., Dunker, C. I. L., & Pavón Cuéllar, D. (2019). Análise lacaniana de discurso: Subversão e pesquisa crítica. Appris.

Le Guillant, L. (2006). O trabalho e a fadiga. Em M. E. A. Lima (Org.), Escritos de Louis Le Guillant: Da ergoterapia à psicopatologia do trabalho (pp. 218-241). Vozes.

Leite, S. (2011). Angústia. Jorge Zahar.

Lima, M. E. A. (1998). A psicopatologia do trabalho. Psicologia, Ciência e Profissão, 18(2), 10-15. https://doi.org/10.1590/S1414-98931998000200003

Marx, K., & Engels, F. (1883). A ideologia alemã (9a. ed.). Hucitec.

Masson, L. O. A. (2021). Estudo das características da experiência de temporalidade em homens com crises de pânico a partir dos desejos e defesas [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo]. USP.

Mendes, R. (2007). Patologia do trabalho (2. ed.). Atheneu.

Mendes, R., & Dias, E. C. (1991). Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de Saúde Publica, 25(5), 341-349. https://doi.org/10.1590/S0034-89101991000500003

Menezes, L. S. (2008). Desamparo. Casa do Psicólogo.

Nóbrega, F. L. (2022). Clínica e política da angústia [Conferência]. Grupo de Estudos Aletheia, Goiânia.

Orlandi, E. P. (1990/2001). Discurso e texto: Formação e circulação do sentido. Pontes.

Orlandi, E. P. (1998). A leitura e os leitores. Pontes.

Orlandi, E. P. (2020). Análise de discurso: Princípios e procedimentos. Pontes.

Parker, I. (2019). Análise lacaniana de discurso: Subversão e pesquisa crítica. Appris.

Parker, I., & Cuellar, D. P. (2013). Lacan, discurso, acontecimento: Nuevos análisis de la indeterminación textual. Plaza y Valdés.

Pêcheux, M. (2015). O discurso: Estrutura ou acontecimento. Pontes.

Pêcheux, M. (2021). Semântica e discurso: Uma crítica à afirmação do óbvio. Unicamp.

Pereira, M. E. C. (1999). Pânico e desamparo: Um estudo psicanalítico. Escuta.

Perilleux, T. (2013). Trabalho e os destinos políticos do sofrimento. Em A. R. C. Merlo, A. M. Mendes & R. D. Moraes (Orgs.), O sujeito no trabalho: Entre a saúde e a patologia (pp. 73-92). Juruá.

Ribeiro, C. V. S., & Mancebo, D. (2013). O servidor público no mundo do trabalho do século XXI. Psicologia, Ciência e Profissão, 33(1), 192-207. https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000100015

Rocha, Z. (2000). Os destinos da angústia na psicanálise freudiana. Escuta.

Roudinesco, E., & Plon, M. (1998). Dicionário de psicanálise. Zahar.

Rutstein, D. D., Berenberg, W., Chalmers, T. C., Child, C. G., Fishman, A. P., & Perrin, E. B. (1976). Measuring the quality of medical care: A clinical method. The New England Journal of Medicine, 294(11), 582-588. https://doi.org/10.1056/nejm197603112941104

Santos, C. V. C. (2014). A prática interdisciplinar na vigilância em saúde do trabalhador no Amazonas: Percepções de uma equipe de saúde do trabalhador [Dissertação de Mestrado, Saúde Pública, Fiocruz]. Fiocruz. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/36466

Seligmann-Silva, E. (2011). Trabalho e desgaste mental: O direito de ser dono de si mesmo. Cortez.

Souza, G. S., & Costa, E. A. (2010). Considerações teóricas e conceituais acerca do trabalho em vigilância sanitária, campo específico do trabalho em saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva, 15(Supl. 3), 3329-3340. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000900008

Souza, S. A. F. (2006). Conhecendo análise de discurso: Linguagem, sociedade e ideologia. Valer.

Souza, S. A. F. (2014). Análise de discurso: Procedimentos metodológicos. Census.

Tfouni, L. V. (2005). Lamento e alfabetização. Cortez.

Vasconcellos, L. C. F. (2007). Saúde, trabalho e desenvolvimento sustentável: Apontamentos para uma Política de Estado [Tese de Doutorado, Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro]. ENAP.

Zizek, S. (1996). Um mapa da ideologia. Contraponto.

Zygouris, R. (2002). O vínculo inédito. Escuta.

Downloads

Publicado

2024-10-25

Como Citar

Castro, D. D., Oliveira, L. G., & Facas, E. P. (2024). O Desamparo no Campo do Angustiante e o Trabalho dos Fiscais da Vigilância em Saúde do Trabalhador em uma Unidade Federativa do Brasil. Trabalho (En)Cena, 9(Contínuo), e024020. https://doi.org/10.20873/2526-1487e024020

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)