Diálogos sobre o acúmulo de tarefas alheias ao ofício à luz do real da atividade e do processo de precarização do trabalho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e024011

Palavras-chave:

Clínica da atividade, Tarefa, Real da atividade, Precarização do trabalho

Resumo

Este artigo apresenta discussão teórica sobre o acúmulo de tarefas alheias ao ofício em contexto da atividade de trabalho. Tal discussão é pautada nas contribuições da Clínica da Atividade e em estudos que versam sobre modelos de gestão do trabalho, que emergiram a partir das demandas do sistema neoliberal, em especial sob a égide do Toyotismo. Tem como objetivo estabelecer a relação do acúmulo de tarefas alheias ao ofício com o processo de precarização das relações de trabalho, traçando conexões com os operadores teóricos: atividade, real da atividade e atividade realizada. A análise do contexto histórico-social igualmente realizada neste estudo possibilitou perceber a relação do processo de superexploração do trabalho com ampliação do fenômeno aqui abordado. A presente pesquisa busca contribuir com o estabelecimento de conexões entre o conceito de real da atividade com posicionamentos dos trabalhadores na relação com diferentes tarefas alheias ao ofício oriundas do referido processo de acúmulo laboral, que circunscrevemos em três categorias: posicionamento confrontado, ambíguo e conformado.

Biografia do Autor

Joeder da Silva Messias, UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Doutor (2022) e mestre (2017) em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É psicólogo e atua como professor assistente do curso de Psicologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho (GEPET) e ao seu subgrupo, o Núcleo de Formação e Pesquisa em Trabalho, Desenvolvimento e Saúde (NTDS).

Endereço profissional: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH). Estrada do Bem Querer, KM 4, S/N – Universidade – Vitória da Conquista, BA - Brasil – CEP: 45.031-900  – Telefone: (77) 34248652. – URL da Homepage: www2.uesb.br

Jorge Tarcísio da Rocha Falcão, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

Psicólogo (1974-1979) e mestre em psicologia (1984-1987) pela Universidade Federal de Pernambuco, doutor em psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento pela Université de Paris-5 - René Descartes/Sciences Humaines-Sorbonne (1988-1992). É professor-titular e pesquisador do departamento de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde está vinculado à pós-graduação em psicologia, atuando como pesquisador junto ao Grupo de Estudos e Pesquisas Sobre o Trabalho (GEPET-CNPq), Núcleo de Pesquisa e Formação Trabalho, Desenvolvimento e Saúde (nTDS). Tem formação e experiência em psicologia do trabalho e das organizações, atuando principalmente nas áreas de trabalho, saúde e desenvolvimento, trabalho e risco psicossocial, trabalho em contextos especiais, trabalho precário, precarizado e processos de precarização.

 

Eduardo Breno Nascimento Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco (UFPB)

Professor do curso de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Referências

Abílio, L. C. (2020). Uberização: a era do trabalhador just-in-time? Estudos Avançados [online], 34(98), 111-126. doi: https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3498.008

Alves, G. (2007). Precariedade e precarização do trabalho. Dimensões da reestruturação produtiva: ensaios de sociologia do trabalho. Londrina: Praxis, 111-155.

Alves, G. (2005). Trabalho, corpo e subjetividade: toyotismo e formas de precariedade no capitalismo global. Trabalho, Educação e Saúde [online], 3(2), 409-428. doi: https://doi.org/10.1590/S1981-77462005000200009

Aquino, C. A. B. (2020). Precarização, neoliberalismo e questão social: reverberações sobre os modos de trabalho no nordeste brasileiro. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 23, 51-63. doi: https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v23i1p51-63

Araújo, S. M. (2013). Da precarização do trabalhador portuário avulso a uma teoria da precariedade do trabalho. Sociedade e Estado [online], 28(3), 565-586. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-69922013000300006

Bendassolli, P. F., & Soares, L. K. A. (2021). Trabalho precário, subjetividade precária? Refletindo sobre a função psicológica do trabalho e a atuação da psicologia no drama da precarização. In P. F. Bendassolli & L. A. P. Soboll (Orgs.), Clínicas do trabalho (2a ed. rev. e ampl.) (pp. 306-322). Belo Horizonte: Artesã.

Clot, Y. (2014b). Vygotski: a consciência como relação. (M. A. B. Ramos, trad.). Psicologia & Sociedade, 26(n. spe. 2), 124-139. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822014000600013

Clot, Y. (2013). O ofício como operador de saúde. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho. São Paulo, 16(n. spe. 1), 1-11. doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v16ispe1p1-11

Clot, Y. (2010b). Trabalho e poder de agir. (J. F. Teixeira, & M. M. Z. Vianna, trads.). Belo Horizonte: Fabrefactum.

Clot, Y. (2010a). A psicologia do trabalho na França e a perspectiva da clínica da atividade. Fractal: Revista de Psicologia, 22(1), 207-234. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1984-02922010000100015

Clot, Y. (2007). A função psicológica no trabalho. (A. Sobral, trad.). Petrópolis: Vozes.

Clot, Y. (2006b). Vygotsky: para além da Psicologia Cognitiva. Pro-Posições, 17:2(50). 19-30. Recuperado de https://www.fe.unicamp.br/pf-fe/50_dossie_clot_y.pdf

Clot, Y. (2006a). Entrevista: Yves Clot. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 9(2), 99-107. doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v9i2p99-107

Clot, Y. (2001). Clínica do trabalho, clínica do real. (K. Santorum, & S. L. Barker, trad. livre). (C. Osório, rev.). Le journal des psychologues, (185), mars. 2001. Recuperado de http://www.pqv.unifesp.br/clotClindotrab-tradkslb.pdf

Clot, Y., & Faïta, D. (2000). Genres et styles en analyse du travail. Concepts et méthodes. Travailler (4), 7-42. Recuperado de http://psycho.univlyon2.fr/sites/psycho/IMG/pdf/texteclot4.pdf

Coriat, B. (2008). El Taller y el cronómetro: Ensaio sobre el taylorismo, el fordismo y la produção en massa. Madrid: Siglo XXI.

Coutinho Filho, G. L. (2014). Acúmulo de função do empregado: fundamentos para uma proposição de alteração legislativa. (Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo) Recuperado de https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/6458

Da Rocha Falcão, J. T., Messias, J. S., & Andrade, L. R. M. (2020) O trabalho precário e o trabalho precarizado. In M. C. Ferreira & J. T. Da Rocha Falcão (Orgs.), Intensificação, precarização, esvaziamento do trabalho e margens de enfrentamento [recurso eletrônico] (pp. 78-103). Natal: EDUFRN.

Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. (A. I. Paraguay, & L. L. Ferreira, trads.). São Paulo: Cortez-Oboré.

Druck, G. (2021). A tragédia neoliberal, a pandemia e o lugar do trabalho. In J. K. Monteiro; L. G. Freitas; C. V. S. Ribeiro & D. B. Leda (Orgs.), Trabalho, precarização e resistências (pp. 291-312). São Luís: EDUFMA.

Foucault, M. (2008). Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). (E. Brandão, trad.). São Paulo: Martins Fontes.

Foucault, Michel (2009). Vigiar e Punir (R. Ramalhete, trad.). (37a ed.). Petrópolis: Vozes.

Huberman, L. (2010). História da riqueza do homem. (W. Dutra, trad.). Rio de Janeiro: LCT.

Lima, C. A., Barros, E. M. C., & Aquino, C. A. B. (2012). Flexibilização e intensificação laboral: manifestações da precarização do trabalho e suas consequências para o trabalhador. Revista Labor, 1, 102-125. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/20875

Machado, A. R. (2005). Entrevista com Yves Clot. Psicologia da Educação, 20, 155-160. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752005000100009&lng=pt&tlng=pt

Navarro, V., Padilha, V. (2007). Dilemas do trabalho no capitalismo contemporâneo. Psicologia & Sociedade [online], 19(spe), 14-20. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000400004

Oliveira, L. M. (2013). Pejotização e a precarização das relações de emprego. Revista Atitude – Construindo Oportunidades, 7(14), 25-31. https://jus.com.br/artigos/23588/pejotizacao-e-aprecarizacao-das-relacoes-de-emprego

Romar, C. T. M. (2018). Direito do trabalho (5a ed.). São Paulo: Saraiva Educação.

Sandoval, A., & Kostulski, K. (2021). “Si on ne me fournit pas mes engins, après je peux plus rien faire moi”: les apports de l’analyse de l’activité à la compréhension des processus d’engagement et de désengagement au travail. Activités [En ligne], 18(2), 1-29. doi: https://doi.org/10.4000/activites.6835

Segnini, L. R. P. (1999). Reestruturação nos bancos no Brasil: desemprego, subcontratação e intensificação do trabalho. Educação & Sociedade [online], 20(67), 183-209. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-73301999000200007

Souza, T. M. S. (2017). Efeitos da precarização do trabalho na vida dos/as professores/as: Assédio Moral e adoecimento. In, M. G. D. Facci & S. C. Urt (Orgs.), Precarização do trabalho, adoecimento e sofrimento do professor. Teresina: EDUFPI.

Vedovato, T. G., Andrade, C. B., Santos, D. L., Bitencourt, S. M., Almeida, L. P., & Sampaio, J. F. S. (2021). Trabalhadores(as) da saúde e a COVID-19: condições de trabalho à deriva?. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional [online], 46, 1-15. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000028520

Downloads

Publicado

2024-10-25

Como Citar

Messias, J. da S., Falcão, J. T. da R., & Bezerra, E. B. N. (2024). Diálogos sobre o acúmulo de tarefas alheias ao ofício à luz do real da atividade e do processo de precarização do trabalho. Trabalho (En)Cena, 9(Contínuo), e024012. https://doi.org/10.20873/2526-1487e024011

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)