Médicos e frades pelos caminhos de goiás (1883-1912)
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2014v1n1p25Palavras-chave:
Médicos, Frades, Goiás.Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar o cotidiano das viagens de médicos e frades pelo antigo norte de Goiás, entre 1883-1912. No momento em que instituições médicas e religiosas enviavam seus mais renomados representantes para o interior do Brasil, as narrativas de Artur Neiva e Belisário Penna (médicos/cientistas da Fundação Oswaldo Cruz) e dos frades dominicanos revelam a diversidade que constitui os brasileiros e as dificuldades enfrentadas pelos viajantes nos caminhos de Goiás. A partir da utilização de autores da história e da sociologia discutimos, inicialmente, os “caminhos” da pesquisa, ou seja, como transformar os restos do passado em documentos e analisá-los com propriedade. Concluimos que o olhar do narrador está marcado pelo seu tempo e pelo seu “lugar de fala”, mais precisamente, pelas instituições que ajudaram a organizar as viagens e legitimaram suas publicações.
Palavras-chave: Médicos, Frades, Goiás.
ABSTRACT
This study aims to analyze the daily trips of doctors and friars by former northern Goiás, between 1883-1912. At that moment religious and medical institutions sent their most renowned representatives to the interior of Brazil, the narratives of Arthur Neiva and Penna Belisario (doctors / scientists of the Oswaldo Cruz Foundation) and the Dominican friars reveal the diversity that makes the Brazilians and the difficulties faced by travelers in the ways of Goiás based on the authors use of the history and sociology discussed initially, the "paths" of the research, ie, how to transform the remains of past documents and analyze them properly. We conclude that the gaze of the narrator is marked by its time and its "place of speech", more precisely, by the institutions that helped organize the trips and legitimized their publications.
Keywords: Medical, Friars, Goiás.
Referências
AUDRIN, José Maria. Entre Sertanejos e Índios do Norte. Rio de Janeiro: Agir, 1946.
________. Os Sertanejos que eu conheci. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1963.
BLOCH, Marc. Apologia da História: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001
BERTHET, Michel L. Uma viagem de missão pelo interior do Brasil. In: Memórias Goianas. Goiânia: UCG, 1982. p. 109-170.
BEOZZO, José Oscar. A Igreja frente aos Estados liberais 1880-1930. In: DUSSEL, Enrique. Historia Liberationis: 500 anos de História da Igreja na América Latina. São Paulo: Paulinas,
p.177-222.
CAIXETA, Vera Lúcia. Médicos, Padres, Sertões: o Norte de Goiás no Relatório de Arthur Neiva e Belisário Penna e nas Narrativas dos Seus Interlocutores Goianos (1916-1959). Tese de Doutorado, UFRJ, 2011.
CATROGA, Fernando. Os passos do homem como restolho do tempo: memória e fim do fim da história. 2 ed. Coimbra: Almedina, 2011.
CERTEAU, Michel. A operação historiográfica. In: ___________.A Escrita da História. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. p.65-106.
COLEÇÃO MEMÓRIA DOMINICANA. Juiz de Fora, s.d. GALLAIS, Estevão. Uma catequese entre os índios do Araguaia. Salvador: Progresso, 1954.
HERMANN, Jacqueline. Religião e Política no Alvorecer da República: os movimentos de Juazeiro, Canudos e Contestado. In: FERREIRA, Jorge & NEVES, Lucília de Almeida (Orgs.). O Tempo do Liberalismo Excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e Fronteiras. 3. ed., São Paulo: Cia das Letras, 1994.
LE GOFF, Jacques. Documento/monumento. In:_______. História e Memória. 5 ed. São Paulo: UNICAMP, 2003, p.525-539.
LIMA, Nísia Trindade. Um sertão chamado Brasil: intelectuais e representação geográfica da identidade nacional. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1999.
__________.Missões Civilizatórias da República e Interpretações do Brasil. Hist. CiênciaSaúde-Manguinhos. [on line] Vol. 5. Suppl. 1998, p.164-188.
MELLO, Ceres Rodrigues. O sertão nordestino e suas permanências (séculos XVI-XIX). Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro. Vol.148., n.356, jul/set. 1987, p.283-311.
MUNIZ, Diva do Couto Gontijo. O Refrão da Nação/Civilização e uma Dupla Sertaneja: viajantes estrangeiros e o interior do Brasil Oitocentista. In. MUNIZ, Diva C. G. e SENA, Ernesto Cerqueira.(orgs.). Nação, Civilização e História: Leituras SDertanejas. Goiânia:
PUC, 2011, p.21-48.
NEIVA, Arthur e PENNA, Belisário. Viagem Científica Pelo Norte da Bahia, Sudoeste de Pernambuco, Sul do Piauí e de Norte a Sul de Goiás. Ed. Fac-similar. Brasília: Senado Federal,1999.
PATERNOSTRO, Júlio. Viagem ao Tocantins. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1945.
PECAUT. M. A Instituições Religiosas. 2 ed; São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.
PEREGRINO, Humberto. Imagens do Tocantins e da Amazônia. Rio de Janeiro: Biblioteca Militar, 1942.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como Missão: tensões sociais e Criação Cultural na Primeira República. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 2003
SOUZA, Laura de Mello e. Formas provisórias de existência: a vida cotidiana nos caminhos, nas fronteiras e nas fortificações. In: ________. (Org.). História da Vida Privada no Brasal : cotidiano e vida privada na América Portuguesa. V.1. São Paulo: Cia das Letras, 1997, p.41- 82.
SOUZA, Robério Américo do Carmo. “Vaqueiros de Deus”: a expansão protestante pelo sertão cearense, nas primeiras décadas do século XX. Tese de Doutorado. UFF, 2008.
SUSSENKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui: o narrador; a viagem. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
TAPIE. H. Feuilles de Route d’um missionaire chez les peaux-rouges. 2 ed., s. ed., 1921. Tradução livre.
TOURNIER, Reginaldo. Lá Longe no Araguaia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1942.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License (CC BY-NC 4.0), permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto posterior ao processo editorial.
4. Além disso, o AUTOR é informado e consente com a revista que, portanto, seu artigo pode ser incorporado pela DESAFIOS em bases e sistemas de informação científica existentes (indexadores e bancos de dados atuais) ou a existir no futuro (indexadores e bancos de dados futuros), nas condições definidas por este último em todos os momentos, que envolverá, pelo menos, a possibilidade de que os titulares desses bancos de dados possam executar as seguintes ações sobre o artigo:
a. Reproduzir, transmitir e distribuir o artigo, no todo ou em parte sob qualquer forma ou meio de transmissão eletrônica existente ou desenvolvida no futuro, incluindo a transmissão eletrônica para fins de pesquisa, visualização e impressão;
b. Reproduzir e distribuir, no todo ou em parte, o artigo na impressão.
c. Capacidade de traduzir certas partes do artigo.
d. Extrair figuras, tabelas, ilustrações e outros objetos gráficos e capturar metadados, legendas e artigo relacionado para fins de pesquisa, visualização e impressão.
e. Transmissão, distribuição e reprodução por agentes ou autorizada pelos proprietários de distribuidoras de bases de dados.
f. A preparação de citações bibliográficas, sumários e índices e referências de captura relacionados de partes selecionadas do artigo.
g. Digitalizar e / ou armazenar imagens e texto de artigo eletrônico.