NA MESMA CENA, PASSADO E PRESENTE
MEMÓRIA E TRAUMA EM NO FUNDO DO OCEANO, OS ANIMAIS INVISÍVEIS, DE ANITA DEAK
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.4017Palavras-chave:
mem´ória, trauma, guerrilha, linguagem literáriaResumo
No fundo do oceano, os animais invisíveis, de Anita Deak, é uma obra que se dedica à reconstrução memorialista, a partir da qual o narrador-personagem, Pedro Naves, revisita sua vida desde a infância até o início da idade adulta. As memórias surgem na escrita como repositórios de eventos marcantes e, muitos deles, traumáticos, porque envolvem perseguição, tortura e morte. Pedro Naves foi um dos membros do grupo de guerrilha armada que se instalou na região do rio Araguaia, no limite de três estados amazônicos, no início dos anos 1970. Historicamente, a guerrilha do Araguaia, como ficou conhecida, representou uma das principais frentes organizadas de resistência à ditatura militar brasileira (1964-1985), mas teve um fim atroz em 1974 com o desaparecimento, pelas mãos dos agentes do estado, dos últimos remanescentes do grupo. No romance de Deak, o tratamento dado às memórias do narrador (em muitos aspectos um sobrevivente) envolve um emprego elaborado da linguagem literária, com evidente atenção dispensada a ricas e múltiplas associações de sentido.
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