Reflexões sobre a subjetividade social de um órgão público e da administração pública brasileira a partir de sua configuração na subjetividade individual de um servidor
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e024039Palavras-chave:
Psicologia, Cultura organizacional, Administração públicaResumo
A pesquisa aqui relatada teve como objetivo compreender, à luz da Teoria da Subjetividade,
a subjetividade social de um órgão público, e da administração pública brasileira como um
todo, a partir de sua configuração na subjetividade individual de um servidor público.
Utilizou-se o método construtivo-interpretativo em um estudo de caso cujo participante foi
Válter (nome fictício). Concluiu-se que, no órgão em questão e na administração pública
brasileira em geral, há uma configuração subjetiva dominante da técnica e da política como
sendo excludentes uma da outra, estando a técnica identificada à ausência de política, e a
política, reduzida à politicagem. Isto favorece: a) que os servidos públicos sejam vistos e
tratados, pela alta gestão, como peças cuja função é unicamente articular seus interesses, e b)
que os servidores públicos, ao se perceberem como técnicos idealmente livres de política,
acabem tendo diminuídas a quantidade e a qualidade de possibilidades que poderiam gerar
em seus cotidianos. Concluiu-se ainda que, quando a política é configurada subjetivamente
pelos servidores públicos como dimensão humana fundamental, favorecendo o cultivo de
habilidades políticas para/em seu diálogo com a alta gestão, também se facilita que eles se
desenvolvam subjetivamente, e que experienciem satisfação/realização em seu ambiente de
trabalho.
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