Reflexões sobre a subjetividade social de um órgão público e da administração pública brasileira a partir de sua configuração na subjetividade individual de um servidor

Autores

  • Alysson de Carvalho Pinheiro Lago Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Psicologia
  • Valéria Deusdará Mori Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Psicologia
  • Amanda Maria de Albuquerque Vaz Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Psicologia

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e024039

Palavras-chave:

Psicologia, Cultura organizacional, Administração pública

Resumo

A pesquisa aqui relatada teve como objetivo compreender, à luz da Teoria da Subjetividade,
a subjetividade social de um órgão público, e da administração pública brasileira como um
todo, a partir de sua configuração na subjetividade individual de um servidor público.
Utilizou-se o método construtivo-interpretativo em um estudo de caso cujo participante foi
Válter (nome fictício). Concluiu-se que, no órgão em questão e na administração pública
brasileira em geral, há uma configuração subjetiva dominante da técnica e da política como
sendo excludentes uma da outra, estando a técnica identificada à ausência de política, e a
política, reduzida à politicagem. Isto favorece: a) que os servidos públicos sejam vistos e
tratados, pela alta gestão, como peças cuja função é unicamente articular seus interesses, e b)
que os servidores públicos, ao se perceberem como técnicos idealmente livres de política,
acabem tendo diminuídas a quantidade e a qualidade de possibilidades que poderiam gerar
em seus cotidianos. Concluiu-se ainda que, quando a política é configurada subjetivamente
pelos servidores públicos como dimensão humana fundamental, favorecendo o cultivo de
habilidades políticas para/em seu diálogo com a alta gestão, também se facilita que eles se
desenvolvam subjetivamente, e que experienciem satisfação/realização em seu ambiente de
trabalho.

Biografia do Autor

Alysson de Carvalho Pinheiro Lago, Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Psicologia

Alysson de Carvalho Pinheiro Lago é Mestre em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), e graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Servidor público federal. Pesquisa os seguintes temas: subjetividade, subjetividade social e desenvolvimento subjetivo, com ênfase nas relações sociais no trabalho, na subjetividade do trabalhador e na saúde psicológica no trabalho.

Valéria Deusdará Mori, Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Psicologia

Valéria Deusdará Mori é Doutora em Psicologia pela Universidad San Carlos de Guatemala, Mestra em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB), e graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Professora da graduação e da pós-graduação em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Líder do grupo de pesquisa “Saúde, Educação e Subjetividade na Formação Acadêmica”. Pesquisa os seguintes temas: subjetividade, psicoterapia, saúde e desenvolvimento humano.

Amanda Maria de Albuquerque Vaz, Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Psicologia

Amanda Maria de Albuquerque Vaz é Mestra em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), e graduada em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB). Professora da graduação em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Pesquisa os seguintes temas: subjetividade, cuidado, psicoterapia, formação em Psicologia e modos contemporâneos de subjetivação, com ênfase na digitalização e na virtualização da vida e da existência, na psicopolítica inerente à sociedade do cansaço, e na experiência amorosa contemporânea.

Referências

Bernardes, V. L. (2023). Corpo, educação e subjetividade: processos de subjetivação de um corpo simbólico. [Tese de doutorado]. Faculdade de Educação da Universidade de Brasília – UnB, Brasília, DF, Brasil. http://repositorio2.unb.br/jspui/bitstream/10482/47103/1/VictorLinoBernardes_TESE.pdf

Brasil. Presidência da República. Casa Civil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Carvalho, P. T. B. (2019). Princípio de impessoalidade: Direito Administrativo com Sociedade. [Tese de doutorado]. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, SP, Brasil. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-14082020-005737/publico/7541427_Tese_Original.pdf

Gasparini, D. (2014). Direito administrativo (17a ed.). Saraiva.

González Rey, F. (1997). Epistemología Cualitativa y subjetividad. EDUC.

González Rey, F. (2002). Pesquisa qualitativa em Psicologia: caminhos e desafios. Cengage Learning.

González Rey, F. (2005). Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação. Cengage Learning.

González Rey, F. (2007). Psicoterapia, subjetividade e pós-modernidade: uma aproximação histórico-cultural. Cengage Learning.

González Rey, F. (2011). Subjetividade e saúde: superando a clínica da patologia. Cortez.

González Rey, F. (2014a). A imaginação como produção subjetiva: as ideias e os modelos de produção intelectual. In A. Mitjáns Martínez, & P. Álvarez (Eds.), O sujeito que aprende: diálogo entre a psicanálise e o enfoque histórico-cultural (pp. 35-62.). Liber Livro.

González Rey, F. (2014b). Human motivation in question: discussing emotions, motives, and subjectivity from a cultural-historical standpoint. Journal for the Theory of Social Behaviour, 45(4), 419-439. doi:10.1111/jtsb.12073

González Rey, F. (2015). A saúde na trama complexa da cultura, das instituições e da subjetividade. In F. González Rey, & J. Bizerril (Eds.), Saúde, cultura e subjetividade: uma referência interdisciplinar (pp. 9-33). UniCEUB. https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/5756/1/Sa%c3%bade_Cultura_Subjetividade.pdf

González Rey, F. (2016). Advancing the topics of social reality, culture and subjectivity from a cultural-historical standpoint: moments, paths and contradictions. Journal of Theoretical and Philosophical Psychology, 2(5), 1-15. http://dx.doi.org/10.1037/teo0000045

González Rey, F. (2017). Advances in subjectivity from a cultural-historical perspective: unfolding and consequences for cultural studies today. In M. Fleer, F. González Rey, &N. Veresov (Eds.), Perezhivanie, emotions and subjectivity: advancing Vygostsky’s legacy (pp. 173-193). Springer.

González Rey, F. (2018). Subjectivity and discourse: complementary topics for a critical psychology. Culture & Psychology, 0(0), 1-17. https://doi.org/10.1177/1354067X18754338

González Rey, F. (2019a). Methodological and epistemological demands in advancing the study of subjectivity. Culture & Psychology, 26(3), 562-577. https://doi.org/10.1177/1354067X19888185

González Rey, F. (2019b). Subjectivity in debate: some reconstructed philosophical premises to advance its discussion in psychology. Journal for the Theory of Social Behaviour, 49(2), 212-234. https://doi.org/10.1111/jtsb.12200

González Rey, F. (2022). La subjetividad en psicología: su importancia para una psicología crítica. In J. M. Flores Osorio & O. A. Bravo (Eds.), Caminando por las veredas de la psicología (pp. 29-46). Editorial Universidad Icesi.

González Rey, F., & Mitjáns Martínez, A. (2017a). Subjetividade: teoria, epistemologia e método. Alínea.

González Rey, F., & Mitjáns Martínez, A. (2017b). El desarrollo de la subjetividad: una alternativa frente a las teorías del desarrollo psíquico. Papeles de Trabajo sobre Cultura, Educación y Desarrollo Humano, 12(2), 3-20.

http://psicologia.udg.edu/PTCEDH/menu_articulos.asp

González Rey, F., & Mitjáns Martínez, A. (2020). Looking toward a productive dialogue between cultural-historical and critical psychologies. In M. Fleer, F. González Rey & P. E. Jones (Eds.), Cultural-historical and critical psychology: common ground, divergences and future pathways (pp. 43-62). Springer.

González Rey, F., Mitjáns Martínez, A., Rossato, M., & Goulart, D. M. (2017). The relevance of the concept of subjective configuration in discussing human development. In M. Fleer, F. González Rey, & N. Veresov (Eds.), Perezhivanie, emotions and subjectivity: advancing Vygostsky’s legacy (pp. 217-243). Springer.

Madeira Coelho, C. M., & Patiño Torres, J. F. (2022). Diálogo, sujeito e configuração subjetiva: a continuidade do debate. In A. Mitjáns Martínez, M. C. V. R. Tacca, & R. Valdés Puentes (Eds.), Teoria da Subjetividade como perspectiva crítica: desenvolvimento, implicações e desafios atuais (pp. 301-308). Alínea.

Mitjáns Martínez, A., & González Rey, F. (2017). Psicologia, educação e aprendizagem escolar: avançando na contribuição da leitura cultural-histórica. Cortez.

Montú, C. C. M., Mori, V. D., & Bucher Maluschke, J. S. N. F. (2021). Psicoterapia dialógica como cenário social favorecedor de desenvolvimento subjetivo infantil. Mudanças, 29(1), 49-64. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/muda/v29n1/v29n1a06.pdf

Morais, J. J. (2009). Princípio da eficiência na administração pública. ETHOS JUS Revista Acadêmica de Ciências Jurídicas, 5-11. https://www.eduvaleavare.com.br/wp-content/uploads/2014/07/principio_eficiencia.pdf

Mori, V. D. (2020). Reflection on the value of the Theory of Subjectivity to signify the practice of psychotherapy. Studies in Psychology 41(1), 182-202. https://doi.org/10.1080/02109395.2019.1710987

Mori, V. D. (2021). Reflections on the challenges of psychotherapy and the processes of social subjectivity. In D. M. Goulart, A. Mitjáns Martínez, & M. Adams. (Eds.), Theory of Subjectivity from a cultural-historical standpoint: González’s Rey legacy (pp. 245-256). Springer.

Oliveira dos Santos, M., & Mitjáns Martínez, A. (2020). Discussions about the notion of competence: contributions from the Theory of Subjectivity. Studies in Psychology, 41(1), 138-160. https://doi.org/10.1080/02109395.2019.1710801

Olivo, L. C. C. (2015). Direito administrativo (3a ed.). Universidade Federal de Santa Catarina.

Patiño Torres, J. F. (2022). O diálogo a três vozes na obra de González Rey: ontologia, epistemologia e método. In A. Mitjáns Martínez, M. C. V. R. Tacca, & R. Valdés Puentes (Eds.), Teoria da Subjetividade como perspectiva crítica: desenvolvimento, implicações e desafios atuais (pp. 259-291). Alínea.

Patiño Torres, J. F., & Goulart, D. M. (2020). Qualitative epistemology and constructive-interpretative methodology: a proposal for the study of subjectivity. Studies in Psychology, 41(1), 53-73. https://doi.org/10.1080/02109395.2019.1710809

Rossato, M., Rodrigues Martins, L. R., & Mitjáns Martínez, A. (2014). A construção do cenário social da pesquisa no contexto da Epistemologia Qualitativa. In A. Mitjáns Martínez, M. Neubern, & V. D. Mori (Eds.), Subjetividade contemporânea: discussões epistemológicas e metodológicas (pp. 35-59). Alínea.

Rossato, M. (2019). Contribuições da Epistemologia Qualitativa na mobilização de processos de desenvolvimento humano. In A. Mitjáns Martínez, F. González Rey, &R. Valdés Puentes (Eds.), Epistemologia Qualitativa e Teoria da Subjetividade: discussões sobre educação e saúde (pp. 71-92). EDUFU. http://www.edufu.ufu.br/sites/edufu.ufu.br/files/ebook_epistemologia_qualitativa_2019.pdf

Vaz, A. M. A. (2023). A configuração subjetiva do tornar-se psicoterapeuta: reflexões sobre a dimensão teórica e a graduação em Psicologia. [Dissertação de Mestrado em Saúde, Clínica e Avaliação Psicológica]. Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, Brasília, DF, Brasil.

Vaz, A. M. A., & Mori, V. D. (2022). Configurações subjetivas da psicoterapia em sua divulgação no Instagram: reflexões sobre a atuação do psicoterapeuta. New Trends in Qualitative Research, 15, e759. https://doi.org/10.36367/ntqr.15.2022.e759

Vaz, A. M. A., & Mori, V. D. (2023). Research in psychotherapy and Theory of Subjectivity: care as its foundation. Paidéia (Ribeirão Preto), 33, e3331. https://doi.org/10.1590/1982-4327e3331

Vaz, A. M. A., Mori, V. D., & Campolina, L. O. (no prelo). Care in Psychology and social subjectivity: representations, practices, and possibilities. Annual Review of Critical Psychology, 2023.

Downloads

Publicado

2024-09-11

Como Citar

Lago, A. de C. P., Mori, V. D., & Vaz, A. M. de A. (2024). Reflexões sobre a subjetividade social de um órgão público e da administração pública brasileira a partir de sua configuração na subjetividade individual de um servidor. Trabalho (En)Cena, 9(Contínuo), e024039. https://doi.org/10.20873/2526-1487e024039

Edição

Seção

Dossiê: Trabalho, Subjetividades e Práticas Clínicas