Aguafuertes cariocas e um Brasil ao oriente do Oriente
Resumo
Em 1930, Roberto Arlt viaja ao Rio de Janeiro com a missão de apresentar os mais diversos aspectos da vida e da cultura brasileira ao seu público leitor na Argentina. Neste estudo, através da leitura desse inventivo projeto de 40 crônicas escritas durante sua estadia de dois meses, reunidas e publicadas em 2013 com o título Aguafuertes cariocas, buscamos refletir sobre o processo de imaginação de Brasil e Argentina. Para isso, propomos a leitura das crônicas não apenas como uma tentativa de descrever o Brasil, mas como um discurso numa rede mais ampla de disputas em torno do conceito de civilização e modernidade, que envolve diferentes agentes, instituições e ideias e determina de várias maneiras o que pode ou não ser dito sobre o Brasil, assim como sobre a Argentina e as nações sul-americanas, e, ao mesmo tempo, estabelece e mantém dinâmicas de poder e dominação. Por isso, as crônicas dizem tanto sobre a realidade local quanto sobre as ideias estrangeiras de modernidade, civilização e progresso, transplantadas, não sem violência, ao nosso contexto. Focamos nossa abordagem nas temáticas do mundo do trabalho e da presença do negro na sociedade carioca.
Referências
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