Vidas Negras, Nossas Vidas
Résumé
Este artigo é parte de uma pesquisa maior, que contou com a publicação de análises e resultados em um momento anterior, e que agora traz o restante das análises e fechamento do assunto, ainda que momentaneamente. Para esta nova empreitada pretendemos continuar nossas análises a respeito do infeliz episódio protagonizado pelo então presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo. Seguindo nossos objetivos, nos dispomos a analisar como a linguagem, nas postagens de internautas que defenderam Camargo, foi utilizada como forma de desqualificação e deslegitimação de movimentos antirracistas e também como forma de manipulação, conversão e cooptação de identidades negras no intuito de que elas pudessem vir a atender aos ideais hegemônicos e tradicionais vigentes. Assim como no estudo anteriormente publicado, as discussões e análises aqui também partiram da concepção de linguagem enquanto ação (AUSTIN, 1990, PINTO, 2012) e foram apoiadas nos conceitos de raça, representação e identidade, de Rajagopalan (2002, 2003), Hall (2006 e 2008), Woodward (2008) e Ferreira (2010), entre outros. Dentre os resultados mais contundentes estão o uso da linguagem na desqualificação e deslegitimação dos movimentos antirracistas a partir da representação dos integrantes desses movimentos enquanto vitimistas, desonestos e oportunistas.
Références
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.
FREITAS, A. C. As identidades do Brasil: buscando as identificações ou afirmando as diferenças? In: RAJAGOPALAN, K.; FERREIRA, D. M. (orgs.). Políticas em linguagem: perspectivas identitárias. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006.
HAAS, Celia Maria; LINHARES, Milton. Políticas públicas de ações afirmativas para ingresso na educação superior se justificam no Brasil. Brasília: Revista Brasileira de estudos Pedagógicos, 2012. p. 836-863. v. 93, n. 235.
HALL, S. Quem precisa de identidade. In: SILVA, T. (org.), HALL, S., WOODWARD, K. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008
MINAYO, M. C. S. (organizadora) – Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade – Petrópolis: Vozes, 1995.
NUNES, Sylvia da Silveira. Racismo contra negros: sutileza e persistência. Revista Psicologia Política, v. 14, n. 29, p. 101-121, jan./abr. 2014.
OLIVEIRA, J. A. A Pragmática em Sala de Aula. In: FREITAS, A. C. (Org.). Linguística in focus: Linguagem e Exclusão. v. 7. Uberlândia: EDUFU, 2010. p. 215-235.
PINTO, J. P. . Pragmática. In: MUSSALIN, Fernanda; BENTES, Anna Christina. (Org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 1ed.São Paulo: Cortez, 2012, v. 2. p. 47-68.
RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
ROCHA, D. C. A.; ARAUJO, W. C. Vidas Negras Importam. HUMANIDADES & INOVAÇÃO , v. 9, p. 254-269, 2022.
SÊGA, R. A. O conceito de representação social nas obras de Denise Jodelet e Serge Moscovici. Anos 90, Porto Alegre, n. 13, julho de 2000.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).