O RIO, COMO A GENTE, É MAIS IMPORTANTE NA FOZ DO QUE NA SUA NASCENTE: DESIGNAÇÕES PARA RIO PEQUENO E SEU ENTORNO SEMÂNTICO
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.3011Resumen
Apresenta-se neste artigo uma análise de unidades lexicais que designam a realidade empírica rio pequeno e seu entorno semântico a partir de dados gerados pelo projeto Atlas Linguístico de Goiás (MILANI et al., 2015), com foco na diatopia das regiões norte e nordeste de Goiás. Considera-se para a análise, além das formas de nomear esse objeto do mundo empírico, unidades lexicais que nomeiam o lugar onde ele nasce, o encontro com outro rio e os movimentos diversos de sua água. Analisa-se tais unidades lexicais a partir de seus significados metalexicográficos e também dos sentidos expressos nas intenções significativas dos utentes. Sobretudo, enfoca-se no processo de criação léxico-semântico, recorrendo, sempre que possível, a seus étimos e a sincronias pretéritas, mas também ao processo de mudança semântica que envolve tais palavras na sincronia atual. Sobre as possibilidades diversas de designação do entorno semântico da realidade empírica rio pequeno, este artigo recorre também à noção de categorização e à teoria dos protótipos que poderão lançar luz sobre as seguintes questões: (i) como uma realidade qualquer no mundo empírico pode reunir em torno de si tantas formas linguísticas relacionadas ao mesmo significado?; e (ii) como essas formas e significados relacionados a um mesmo referente não interferem no processo de apreensão, organização e categorização do mundo e nos processos comunicativos? Na busca pelas possibilidades de designação da realidade empírica rio pequeno, observou-se que algumas formas de nomeação são mais prototípicas, isto é, correspondem mais diretamente ao sentido da realidade designada, enquanto outras são mais periféricas, ou nem mesmo correspondem ao sentido que se convencionou sobre tal objeto no mundo. Evidencia-se, finalmente, que tanto a criação de um item lexical quanto sua subsequente mudança de sentido refletem as necessidades expressivas dos utentes.
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