ENSINO DE TEXTO EM TRAVESSIA INTERCULTURAL CONFLUENTE
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.303Resumo
O Enem, além de avaliação do ensino médio, é uma forma de ingresso na universidade pública federal. A nota do Enem se tornou instrumento de competição e a prova de redação é a medida da excelência dos/as candidatos/as. Assim, a redação do Enem se tornou uma referência de texto dissertativo-argumentativo e, por sua vez, mudou as concepções do ensino de gênero e de escrita na educação básica e pautou a formação docente em Letras. Nesta discussão, nosso objetivo é problematizar como a hegemonia do texto escrito sobre as demais textualidades reproduz a opressão sistêmica da mentalidade colonial, violentando os grupos empobrecidos e subalternizados em um processo legitimado de racismo epistêmico. Para isso, levantamos duas questões-problemas: 1) como instaurar disputas por espaço entre as textualidades hegemônicas e não hegemônicas na escola? 2) como contemplar “o direito à aprendizagem linguística” aos sujeitos de direito das políticas de ações afirmativas no que se refere às práticas de texto sem violar suas epistemologias? Não temos a pretensão de dar respostas a essas questões, queremos potencializar as reflexões e os debates para promover justiça social e existencial por meio da educação. Como materialidade base da discussão, partimos da tecelagem como a prática ancestral cerradeira, que pelas tessituras conflui saberes não hegemônicos e hegemônicos, interculturalizando a escola e promovendo a diversidade linguística e epistêmica. A sustentação teórica da discussão está fundamentada na estrutura do texto dissertativo-argumentativo do Enem e nas concepções da sociolinguística alterativista ladino-amefricana.
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