“Vai, Filha, Vai”
Morte e Cotidiano Afetivo no Conto “Chamada”, de João Anzanello Carrascoza
Resumen
Este artigo apresenta uma análise crítica acerca da representação da morte e sua contribuição para a construção dos afetos cotidianos dentro da narrativa breve “Chamada” (2004), de João Anzanello Carrascoza, escritor paulista considerado uma das grandes revelações da ficção contemporânea. A fim de compreender como se dá a representação de tais processos na obra veiculada, são examinados os motivos pelos quais a temática da morte seguiu, por muito tempo, uma abordagem incipiente dentro do subsistema literário juvenil e em que medida a escrita de Carrascoza oportuniza um novo olhar acerca desse tema. O estudo demonstra que a ficção juvenil pode ser um espaço menos preocupado em ensinar valores vigentes e mais interessado em despertar os leitores infantis e juvenis para discussões muito profícuas não apenas sobre a morte e o cotidiano afetivo, mas sobre todos os dilemas que cercam o humano. Para tanto, recorremos a estudos que trazem para o contexto perspectivas críticas acerca da literatura infantil e juvenil (LIJ) produzida no Brasil, a exemplo de Ricardo Azevedo (2001), entre outros estudiosos e teorias que versem sobre os caminhos que a representação da morte e do afeto, enquanto temáticas, ocupam no cenário da LIJ, como Giorgio Agamben (1999), Philippe Ariès (2012 e 2014) e Miguel Conde (2021).
PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantil e juvenil; Morte; Afeto; João Anzanello Carrascoza.
Citas
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