A BIOPOLÍTICA NA REGULAÇÃO SUBJETIVA PELO DISCURSO MATERNO

OS EFEITOS DO GOVERNO DO CORPO FEMININO DA PROTAGONISTA NA MINISSÉRIE MAID

Autor/innen

Abstract

Nesta pesquisa, objetivamos descrever e analisar discursivamente os enunciados da personagem principal da minissérie Maid (MAID, 2021), a respeito da regulação subjetiva pelo discurso materno. Apoiamo-nos na perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa, nos estudos foucaultianos sobre a biopolítica na regulação da vida e os comportamentos que legitimam a personagem como mãe, esposa, filha e ente familiar. As práticas anátomo-políticas do corpo pelos biopoderes com efeitos individuais homogeneizantes e a biopolítica que permeia as populações vão chancelar a regulação subjetiva da protagonista, clivando Alex pelas violências psicológicas representadas pelas instituições família e Estado. A protagonista Alex sofreu abusos psicológicos, financeiros, trabalhistas e de gênero, como uma mãe solo. Indagamos como o biopoder e a biopolítica operam técnicas de subjetivação por meio de vontades de verdade para normalizar a instituição da família tradicional e conservadora, cuja tônica é patriarcal. A minissérie permite a descrição e a análise da ordem discursiva predominantemente machista e misógina, do funcionamento dos discursos binários (feminino/masculino) e dos agenciamentos discursivos, que podem ser escavados para a análise dos modos como atuam as práticas de subjetivação, o governo dos corpos, e seus funcionamentos nos enunciados materializados em Maid (MAID, 2021). Como resultados, constatamos como o corpo feminino é clivado por preconceitos e estigmas sociais sócio historicamente, dados os efeitos de normalização discursiva que preconizam como podem e devem ser as condutas das esposas e mães, governos de si capazes de demarcar um acontecimento verificado de modo cristalizado nos domínios da memória.

Autor/innen-Biografien

Gabriela Magalhães Sabino, Universidade Federal de Goiás

Aluna regular do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Doutorado) em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (PPGLL/UFG). Mestra em Língua, Literatura e Interculturalidade pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu na Universidade Estadual de Goiás (POSLLI/UEG), Câmpus Cora Coralina. Graduada em Letras Português/ Inglês e suas respectivas Literaturas (2019) pela mesma instituição, Câmpus Oeste.

Luana Alves Luterman, Universidade Estadual de Goiás

Pós- doutora em Linguística pela UFSCar (2018), Pós- doutora (2016), Doutora (2014) e Mestre (2009) pelo PPG em Letras e Linguística da FL/UFG. Especialista em Formação de Professores de Língua Portuguesa pela UCG (2005). Graduada em Letras pela UCG (2004). Professora da UEG desde 2011. Professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI/UEG). Pesquisa o ensino  de língua portuguesa, leitura e produção de textos (inclusive em 3D), identidade de gênero, corpo e discurso.

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Veröffentlicht

2023-03-28

Zitationsvorschlag

Magalhães Sabino, G., & Alves Luterman, L. (2023). A BIOPOLÍTICA NA REGULAÇÃO SUBJETIVA PELO DISCURSO MATERNO: OS EFEITOS DO GOVERNO DO CORPO FEMININO DA PROTAGONISTA NA MINISSÉRIE MAID. Porto Das Letras, 9(1), 275–300. Abgerufen von https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/15702