Políticas públicas de gênero na Educação Básica:
convergências e entraves a uma educação linguística decolonial
Palavras-chave:
Educação linguística decolonial; Gênero; Sexualidade; Políticas Públicas.Resumo
Esta pesquisa visa a analisar o modo como as políticas públicas abordam questões de gênero e sexualidade no lócus educativo, mais especificamente no contexto de ensino de linguagem. Considerando a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) como textos oficiais orientadores de um possível currículo para a diversidade, de modo a incidir in/diretamente sobre as práticas sociais, analisamos tais documentos, a fim de discutir como esses textos legais convergem ou interditam práticas pedagógicas problematizadoras de paradigmas identitários coloniais vigentes. Sob o aporte epistemológico baseado em Foucault (1979, 2008), Santos Quijano (2007), Mignolo (2004, 2010), Rosevics (2017), Louro (1997), Butler (2003) e Nigro (2017), como resultado identificamos tímidas iniciativas textuais/discursivas de políticas públicas que caracterizem enfrentamento/resistência à indiferença emergente das relações pautadas pelas diferenças culturais e identitárias. Mais especificamente ao gênero, notamos um silenciamento discursivo inerente ao termo, reverberando, com a ausência da mobilização lexical, uma possibilidade grave de manutenção do status quo conservador brasileiro por intermédio das colonialidades existentes.
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
______. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. 12. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
______. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
______. História da sexualidade: vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. v.1. Rio de Janeiro: Graal, 1997.
______. Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
______. Segurança, território, população: Curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008a. (Coleção Tópicos).
______. Nascimento da biopolítica: Curso dado no Collège de France (1978-1979). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008b. (Coleção Tópicos).
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
MIGNOLO, Walter D. Histórias locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Humanistas, 2004. [S.l.] p. 23-130.
______. Desobediência Epistêmica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Colección Razón Política. Buenos Aires: Ediciones del Signo, 2010. ´p. 09-17.
MILANEZ, N. A disciplinaridade dos corpos: o sentido em revista. In: SARGENTINI, V.; NAVARRO, P. (orgs.). Foucault e os domínios da linguagem: discurso, poder e subjetividade. São Carlos: Claraluz, 2004.
NIGRO, Cláudia Maria Ceneviva. Vamos falar de gênero! In: JESUS, Dánie Marcelo de; CARBONIERI, Divanize; NIGRO, Claúdia Maria Ceneviva. (orgs). Estudos sobre gênero: identidades, discurso e educação. Homenagem à João W. Nery. Campinas, SP: Pontes Editora, 2017.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 5. ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2002.
QUIJANO, Anibal. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GOMÉZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. (Orgs.) El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007. p. 93-126.
ROSEVICS, Larissa. Do pós-colonial à decolonialidade. In: CARVALHO, Glauber; ROSEVICS, Larissa (orgs). Diálogos internacionais: reflexões críticas do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Perse, 2017. p. 187-192.
WALSH, Catherine. Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, Vera Maria. Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: Letras, 2009. p. 12-42.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).