Políticas públicas de gênero na Educação Básica:

convergências e entraves a uma educação linguística decolonial

Autores

  • Anyellen Mendanha Secretaria de Educação do Estado do Mato Grosso - SEDUC/MT
  • Helvio Frank Universidade Estadual de Goiás
  • Luana Luterman Universidade Estadual de Goiás

Palavras-chave:

Educação linguística decolonial; Gênero; Sexualidade; Políticas Públicas.

Resumo

Esta pesquisa visa a analisar o modo como as políticas públicas abordam questões de gênero e sexualidade no lócus educativo, mais especificamente no contexto de ensino de linguagem. Considerando a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) como textos oficiais orientadores de um possível currículo para a diversidade, de modo a incidir in/diretamente sobre as práticas sociais, analisamos tais documentos, a fim de discutir como esses textos legais convergem ou interditam práticas pedagógicas problematizadoras de paradigmas identitários coloniais vigentes. Sob o aporte epistemológico baseado em Foucault (1979, 2008), Santos Quijano (2007), Mignolo (2004, 2010), Rosevics (2017), Louro (1997), Butler (2003) e Nigro (2017), como resultado identificamos tímidas iniciativas textuais/discursivas de políticas públicas que caracterizem enfrentamento/resistência à indiferença emergente das relações pautadas pelas diferenças culturais e identitárias. Mais especificamente ao gênero, notamos um silenciamento discursivo inerente ao termo, reverberando, com a ausência da mobilização lexical, uma possibilidade grave de manutenção do status quo conservador brasileiro por intermédio das colonialidades existentes.

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Publicado

2021-02-07

Como Citar

Mendanha Leite, A., Frank de Oliveira, H. ., & Alves Luterman, L. (2021). Políticas públicas de gênero na Educação Básica:: convergências e entraves a uma educação linguística decolonial. Porto Das Letras, 7(1), 383–400. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/11542