Manuais e Guias de Redação Oficial Tocantinenses:

Por que o Gênero Masculino os Domina?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873.234sl11

Resumo

Vemos que, com a nova edição do Manual de Redação da Presidência da República (MRPR), Brasil (2018), nos parece possível contestar, sob os critérios de uma linguagem inclusiva de gênero, sua autoanunciada edição revista, atualizada e ampliada. Nesse sentido, um novo subitem intitulado “signatárias do sexo feminino” mostra-se revelador, porque falacioso. O que ocorre é a prevalência do masculino genérico e de personagens masculinas em seus exemplos e modelos de comunicação e atos oficiais. Dado o prestígio que tem o MRPR, podemos ver tal prevalência presente em manuais e guias de redação oficial locais. É o que ocorre nos guias de redação oficial da Universidade Federal do Tocantins (UFT, 2021) e do Instituto Federal do Tocantins (IFTO, 2017) e nos manuais de redação oficial do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE, 2013) e do Ministério Público do Estado do Tocantins (MP-TO, 2017). Após trazermos fragmentos dos guias e manuais de redação em questão que comprovam que eles são patriarcalistas, passaremos em revista os conceitos de androcentrismo, masculino genérico, sexismo e linguagem inclusiva de gênero na tentativa de procurarmos explicar, embora não justificar, a razão por que as mulheres cis ou trans e pessoas de diversos outros gêneros ou não binárias sofrem exclusão linguística nessas publicações.

Palavras-chave: Manual de Redação da Presidência da República; Manual  de Redação do Estado do Tocantins; Guia de redação do IFTO e da UFT; Androcentrismo; Bolsonarismo linguístico.

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Publicado

2024-03-28

Como Citar

souza, P. A. (2024). Manuais e Guias de Redação Oficial Tocantinenses:: Por que o Gênero Masculino os Domina?. Porto Das Letras, 9(4), Artigo SL11, p. 1–13. https://doi.org/10.20873.234sl11

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SEÇÃO LIVRE